Doria reduzirá atendimento de campo a morador de rua
A partir de setembro, horário de trabalho de equipes na rua e total de abordagens vão sofrer cortes
A gestão João Doria (PSDB), vai reduzir o atendimento a moradores de rua, cortando o horário e as metas das equipes responsáveis pela abordagem dessas pessoas.
A partir de setembro, o atendimento passa a ser feito das 12h às 22h para equipes que atendem crianças e adolescentes, e a partir das 13h para adultos. Hoje, o trabalho começa às 8h. A mudança consta em portaria da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social publicada no “Diário Oficial” da Cidade no dia 22.
Para o coordenador do Fórum Municipal de Assistência Social, Itamar Moreira, o horário da manhã é importante para o atendimento integral a essa população. “As abordagens da noite são mais voltadas para o encaminhamento para albergues. Nos outros horários são tratados assuntos como a obtenção de documentos e o encaminhamento para atendimento de saúde, inclusive para pessoas com distúrbios e usuários de álcool e drogas”, afirma.
Esse trabalho é feito por entidades conveniadas, que são remuneradas com base no número de abordagens feitas. Além da redução no horário, a portaria da gestão Doria também reduziu a meta de atendimentos e a remuneração das entidades que fazem esse trabalho.
Com base nos cortes nos convênios, Moreira afirma que as regiões da Mooca (zona leste), Vila Mariana e Santo Amaro (ambas na zona sul) devem ser as mais atingidas. O corte também é grande na regional da Sé. Uma entidade que atende a Mooca, por exemplo, passará a ter meta de 140 pessoas abordadas por mês. Hoje, ela é de 1.020. Em outra, de São Mateus (zona leste), a meta passará de 600 para 100.
Outra preocupação do fórum é com o corte de trabalhadores. A estimativa é que 300 profissionais podem perder o emprego, cerca de 30% dos profissionais que realizam a atividade. Coordenador da Pastoral do Povo de Rua, o padre Julio Lancellotti diz que o atendimento precisa de mudanças, mas não essas. “Não é possível remunerar por abordagem. Os profissionais precisam estabelecer relação de confiança.”