Blitz acha equipe em clínicas para dependentes
Usuários relatam agressões e até uso de droga em unidades contradas pela gestão Doria
Uma comitiva formada por representantes do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), Ministério Público e Defensoria Pública vistoriou as clínicas de reabilitação que integram o programa anticrack da Prefeitura de São Paulo, sob gestão João Doria (PSDB), nas últimas duas semanas.
Usuários que foram internados em algumas das unidades relataram agressões e uso de drogas dentro das alas. A vistoria, no entanto, foi realizada com o objetivo de fiscalizar as ações do programa municipal e não em decorrência das denúncias, diz o psiquiatra e conselheiro do Cremesp Mauro Aranha.
Fazem parte do programa e recebem usuários da cracolândia as clínicas São João de Deus, no Jaraguá, o Hospital Cantareira e a instituição Irmãs Hospitaleiras, em Pirituba, todos na zona norte. Os dois primeiros já foram vistoriados. “Os recursos humanos são insuficientes para a demanda. Isso implica em ociosidade e comprometimento do plano terapêutico singular”, diz Aranha.
Para ele, os usuários de drogas da cracolândia exigem uma rede de cuidados grande, que inclui ações além da internação. “No caso, o hospital resolve o problema de saúde física e desintoxicação da droga e o resto continua sem atenção. O paciente vai ter alta e voltar para a cracolândia”, diz.
Segundo balanço divulgado pela prefeitura, 1.100 usuários de drogas haviam sido internados de forma voluntária até segunda-feira da semana passada.
Usuários que foram internados na São João de Deus relataram agressões, uso de drogas e uma espécie de poder paralelo controlado por outros pacientes. A maioria voltou a frequentar o fluxo após passar pela internação.
De acordo com o conselheiro do Cremesp, a falta de profissionais nos hospitais facilita fugas e todo tipo de irregularidades. “É uma ação amadora, as equipes estão correndo atrás de uma pretensão intempestiva do senhor prefeito”, finaliza Mauro Aranha.