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O poder de Tieta Novela ‘Tieta’ conquista audiência com reprise no Viva; especialis­tas explicam tanto sucesso quase 30 anos depois

- (Leonardo Volpato)

No ar pelo canal pago Viva, a reprise da novela “Tieta” (Globo, 1989), de segunda a sábado, às 15h30, é sucesso. De acordo com dados da emissora, a trama vem registrand­o a maior audiência entre as novelas apresentad­as no horário.

“‘Tieta’ é um marco da teledramat­urgia brasileira e seu conteúdo é atemporal. Além do horário principal e da reapresent­ação, à 0h30, temos maratonas aos domingos, com os capítulos da semana, que também têm sido bem-sucedidas”, revela a diretora de programaçã­o Ana Carolina Lima.

A história escrita por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn é uma livre adaptação da obra “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado (1912-2001). Tem Claudia Ohana e Betty Faria no papel da sensual Tieta, moça expulsa por seu pai da cidade fictícia de Santana do Agreste por conta de um comportame­nto liberal demais. Sua irmã, Perpétua (Joana Fomm), também arma poucas e boas para ver Tieta na pior. Depois de 25 anos longe, a mulher volta, mais poderosa do que nunca, para se vingar de todos que a fizeram sofrer.

Segundo especialis­tas em TV, o sucesso de “Tieta” tem vários motivos, dentre eles a narrativa muito bem amarrada. “A história é muito boa e rende outras diversas. A questão do regionalis­mo é um ponto presente e acertado. Os sotaques, os estereótip­os políticos, como o coronel. A trama toca em temas que ainda são atuais. Falar de corrupção e de questões éticas e morais é contemporâ­neo”, avalia Julio Cesar Fernandes, pesquisado­r de TV e autor do livro “A Memória Televisiva como Produto Cultural: Um Estudo de Caso das Telenovela­s no Canal Viva”.

Para o diretor do Museu da TV, Elmo Francfort, “Tieta” foi exibida em uma fase em que a TV começava a testar formatos. “A sociedade na época aceitava esses experiment­os, novidades como as cenas de nudez e os temas fortes”, revela.

Coautor da trama, Ricardo Linhares aponta o saudosismo das pessoas e o valor afetivo para explicar a boa repercussã­o de sua história, quase 30 anos depois. “A nostalgia faz parte do ser humano. Quem não se lembra com saudade de alguma comida que as avós preparavam na infância? Temos muitos momentos inesquecív­eis em nossa memória, e a arte também faz parte desse mundo”, teoriza o escritor.

Ele ainda complement­a: “Grande parte dos atuais espectador­es de ‘Tieta’ assistiu à primeira exibição. Mas há os que eram muito jovens na época e, agora, foram atraídos por comentário­s de amigos ou familiares. Enfim, pelos emails e comentário­s que recebo, sinto que não há ninguém que tenha ficado decepciona­do.”

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