TTrráffiicco de drrrogass desafia a polícia na cracolândia
Viciados montam barricada e se armam com bombas caseiras, pedras e paus contra os agentes da GCM
A venda fiado de crack para os usuários que moram na cracolândia foi retomada, num sinal de que o tráfico conseguiu fazer caixa e reconquistar essa clientela.
Um exemplo é a oferta de um crack de melhor qualidade, para atender gente de maior poder aquisitivo que sai de diferentes áreas da cidade apenas para comprar e consumir a droga ali naquele ponto do centro da capital.
A atual estrutura do tráfico, porém, é bem mais frágil. Após a ação policial do final de maio que prendeu traficantes e desobstruiu algumas vias, não há mais, por exemplo, uma feira de drogas a céu aberto nem traficantes armados no meio das ruas.
Entretanto, nas últimas semanas, a reportagem observou e ouviu relatos sobre a tentativa do tráfico de retomar ao menos uma parte do terreno perdido nos últimos três meses na região.
Segundo uma usuária, sob o temor de câmeras de monitoramento espalhadas por todos os cantos, inclusive com drones, os traficantes não ficam mais no meio do fluxo de viciados, e quem negocia a droga na cracolân- dia são alguns usuários, em troca de sustentar o seu próprio vício. Na noite de segunda-feira passada, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) invadiu o fluxo e reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta.
O embate que transformou a região em um cenário de guerra foi o ápice da recente escalada de tensão entre agentes de segurança e usuários. O estopim para o confronto são as barracas montadas em meio à concentração de dependentes.
Guardas e policiais são orientados a retirá-las, mas há resistência, e essas estruturas têm aumentado nas últimas semanas. É debaixo delas onde acontece o tráfico e o uso do crack.
Os usuários hoje se concentram ao lado da estação de trens Júlio Prestes, a pou- cos metros de onde funcionava a antiga cracolândia.
Ontem, a tensão se intensificou. Uma barricada foi montada e usuários se armaram com coquetéis molotov, pedras e paus contra a GCM, que os obrigou a recuar com bombas de gás.