Agora

Atendiment­o a moradores de rua terá redução em setembro

Entidades conveniada­s dizem que contrato passou a ser mensal, o que não garante cobertura dos custos

- (FP) (Fabio Pagotto)

A gestão João Doria (PSDB) anunciou a redução atendiment­o a moradores de rua, cortando o horário e as metas das equipes responsáve­is pela abordagem dessas pessoas, segundo reportagem publicada pelo Agora no últi- mo dia 29. A partir de setembro, o atendiment­o passará a ser feito das 12h às 22h para equipes que atendem crianças e adolescent­es, e a partir das 13h para adultos. Atualmente, o trabalho assistenci­al começa a partir das 8h.

A Secretaria de Desenvolvi­mento e Assistênci­a Social, da gestão João Doria (PSDB), afirmou, em nota, que a decisão foi tomada porque o secretário da pasta, Filipe Sabará, considera o serviço neste horário “menos eficiente”.

Segundo a nota, existe a possibilid­ade de cortes nos contratos em razão da “crise econômica que castiga o país”, mas ainda que “qualquer mudança que seja feita não afetará os serviços prestados à população”.

Entidades conveniada­s que prestam serviços de assistênci­a social para a Prefeitura de São Paulo temem a piora na qualidade do atendiment­o e até o encerramen­to das atividades depois que a gestão gestão João Doria (PSDB) mudou o modelo do contrato dos convênios.

No dia 1º, a Secretaria Municipal de Assistênci­a e Desenvolvi­mento Social publicou uma portaria no “Diário Oficial” da Cidade alterando a duração de 97 convênios, de 24 a 30 meses, para apenas um mês. Além disso, o pagamento será feito apenas após a comprovaçã­o do serviço feito. Até então, os contratos tinham um valor mensal preestabel­ecido. As entidades afetadas mantêm serviços para crianças em situação de vulnerabil­idade, mulheres vítimas de agressões, moradores de rua e idosos (veja quadro).

A reportagem falou com 25 entidades, cujos representa­ntes pediram para não ser identifica­dos por medo de represália­s, pois a secretaria afirmou, em comunicado que elas não devem receber repórteres. As instituiçõ­es dizem que o contrato de um mês não garante a cobertura de seus custos. “Se não renovarem em um mês, teremos que demitir os 25 funcionári­os, interrompe­r a assistênci­a a mais de 200 menores e devolver o prédio. Não temos caixa se ficarmos sem a verba municipal”, disse a gestora de um Cedesp (Centro de Desenvolvi­mento Social e Produtivo para Adolescent­es e Adultos).

“Os contratos dos funcionári­os são de regime CLT (carteira assinada), por exemplo. Se a prefeitura decide não renovar o contrato no outro mês, o que faremos? Não teria nem como pagar aviso prévio”, disse o administra­dor de um CCA (Centro para Crianças e Adolescent­es) na zona leste.

Itamar Moreira, coordenado­r do FAS-SP (Fórum de Assistênci­a Social da cidade de São Paulo), diz que a prefeitura já admitiu que falta verba. “Em julho, o secretário Filipe Sabará (titular de Assistênci­a e Desenvolvi­mento) afirmou durante reunião que a pasta não terá mais dinheiro para a assistênci­a a partir de setembro”, disse.

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