A pizza de Temer
Foi um vexame. Difícil descrever de outra forma a votação da Câmara dos Deputados que livrou o presidente Michel Temer (PMDB) de ser investigado e julgado pela acusação de corrupção passiva.
Por 263 votos a 227, a denúncia contra o presidente foi barrada pelos deputados na quarta (2).
Mas nem todo mundo votou com a convicção de suas ideias. Para conseguir esse placar, o governo liberou geral. Distribuiu verbas e cargos para quem ficasse a seu lado.
A denúncia contra o presidente veio de uma delação premiada do empresário Joes- ley Batista, da JBS.
Temer recomendou ao empresário que procurasse Rodrigo Rocha Loures, assessor do Planalto, para resolver suas pendências com o governo. A conversa foi gravada.
Pouco depois, Rocha Loures ganhou da JBS uma mala com R$ 500 mil.
Para a Procuradoria-Geral da República, essa grana toda iria para o presidente.
Ainda não há provas para confirmar esse ponto, mas a história toda é muito suspeita.
Precisa ser investigada e esclarecida com urgência.
A maioria dos deputados, porém, não pensa assim. Muitos dos apoiadores do presidente disseram que o caso deveria ser investigado sim, mas só em 2019, depois do mandato de Temer.
Segundo eles, mexer com essa questão agora iria bagunçar o país.
De todo jeito, é péssimo que uma questão tão séria envolvendo um presidente da República não tenha solução.
A Câmara não deu bola para a vontade de 65% dos brasileiros, que apoiam a saída do presidente. A população, porém, parece cansada desse assunto —tanto que pouca gente foi para a rua protestar.