Base de Temer encolhe 40% depois da delação da JBS
Nos partidos aliados, 89 deputados ficaram contra presidente na votação da denúncia e plenário rachou
O presidente Michel Temer conta hoje na Câmara dos Deputados com uma base de apoio real de cerca de 260 deputados, o que representa uma queda de quase 40% em relação ao que ele tinha nos primeiros meses deste ano, antes de vir à tona a delação da JBS.
Até o escândalo, que resultou em uma denúncia sob acusação de corrupção passiva contra ele, a sua base contava com 20 partidos que, juntos, têm 416 dos 513 deputados federais.
Entre a divulgação da gravação da conversa de Joesley Batista com o presidente e a votação da denúncia pela Câmara anteontem, quatro partidos anunciaram o desembarque do governo: PSB, Podemos, PPS e PHS.
Na sessão que barrou o processo, 89 deputados de partidos governistas votaram contra Temer, em um sinal de que dificilmente continuam seguindo as orientações do Palácio do Planalto.
Com isso, a base real de Temer hoje soma 261 deputados, apenas 4 a mais do que a maioria absoluta das cadeiras da Casa (257).
É um número apertado inclusive para a aprovação de simples requerimentos e projetos. As sessões dificil- mente têm casa cheia.
Para aprovação de emendas à Constituição, que é o caso da reforma da Previdência, são necessários 308 votos, 47 a mais do que a base real hoje do presidente.
Há alguns fatores que tornam volátil essa base, tanto para cima quanto para baixo. O tema dos projetos, por exemplo, nem sempre está ligado a posição governista ou oposicionista do deputado. Na reforma da Previdência, por exemplo, deputados do PSDB que votaram a favor da denúncia contra Temer tendem a apoiá-lo.
Por outro lado, integrantes do “centrão” (siglas pequenas e médias) que apoiaram Temer são claramente contrários à reforma.