Temer pede ao STF suspeição de Janot e acusa perseguição
Presidente argumenta que procurador-geral despreza provas e só busca alvejá-lo de maneira política
O presidente Michel Temer pediu ao Supremo Tribunal Federal a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusa de agir com “obsessiva conduta persecutória” para envolvê-lo em atos criminosos.
Uma petição foi entregue ontem ao ministro Edson Fachin em meio ao inquérito que investiga o chamado “quadrilhão” do PMDB.
Não há previsão para Fachin tomar uma decisão. A expectativa é que a defesa recorra ao plenário caso o ministro negue o pedido. Janot não se manifestou.
“Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutória”, escreveu Antônio Cláudio Mariz, advogado de Temer. Para ele, o auge do conflito foi quando o procurador-geral pronunciou a frase “enquanto houver bambu, lá vai flecha”, em um congresso em São Paulo.
“Portanto, provar é de somenos, o importante é flechar”, disse. “O alvo de seu arco é a pessoa do presidente da República, não importam os fatos”, prosseguiu.
Em entrevista à reportagem, publicada anteontem, Janot repetiu a frase, mas declarou que não age por motivos pessoais.
O objetivo dos advogados é impedir que Janot atue em ações contra Temer.
A estratégia também tem um tempero político: ao questionar o procurador, o presidente tenta desgastá-lo perante o Congresso, já que caberá aos deputados apreciarem uma eventual segunda denúncia, depois de terem derrubado a primeira, por corrupção passiva.
O embate entre Temer e o procurador-geral teve início em maio, por causa da delação de executivos da JBS.
O empresário Joesley Batista gravou o presidente no Palácio do Jaburu, áudio que fez parte da colaboração.
Janot abriu investigações sobre Temer e o denunciou pelo crime de corrupção, alegando que ele era o destinatário da mala de R$ 500 mil entregue pela JBS ao seu exassessor Rodrigo da Rocha Loures. Mais duas são esperadas: organização criminosa e obstrução de Justiça.