Secretário infla dados sobre resgate de moradores de rua

Filipe Sabará disse que houve 119% chamados a mais no semestre, mas variação é de 1,5%

O secretário municipal da Assistência Social, Filipe Sabará, inflou números sobre atendimento a moradores de rua feitos pela Cape (Coordenadoria de Atendimento Permanente e de Emergência) no primeiro semestre.

Em reportagem publicada no dia 10 de julho, Sabará, secretário da gestão João Doria (PSDB), afirmou ao Agora que houve um aumento de 119% nos chamados ao telefone 156 para resgate de moradores de rua na comparação entre o primeiro semestre de 2016 e de 2017. No entanto, números obtidos pela reportagem pela Lei de Acesso à Informação mostram que só houve oscilação de 1,5%.

Os dados apontam que, entre janeiro e junho deste ano, a prefeitura recebeu 37.326 ligações pedindo para que moradores de rua recebessem auxílio e fossem encaminhados a abrigos. No mesmo período de 2016, foram 36.760 (566 a menos).

“Mais do que dobrou. Foram 119% de demandas a mais. Isso fez com que a nossa equipe que faz essa acolhida tivesse uma demanda acima do normal”, disse Sabará em julho. “Essa é uma média do início do ano até agora. De janeiro até junho”, afirmou. Na entrevista, o secretário atribuiu o suposto aumento à campanha de divulgação do 156 feita pela gestão Doria.

Na ocasião, a reportagem questionava Sabará sobre o atendimento da Cape. O Agora havia solicitado o serviço cinco vezes, entre 2 e 3 de julho, mas nenhum morador de rua foi levado a abrigos. Em quatro, os agentes nem foram ao local. Em outra, funcionários passaram e deixaram para trás uma família.

Em reportagem no dia 10 de julho, a prefeitura disse que voltou pela manhã do dia 3 e prestou atendimento nos cinco locais. Mas os dados da Lei de Acesso mostram que ninguém foi localizado. A prefeitura também afirmou que a média de acolhimento das ligações recebidas é de cerca de 75%. Porém, os números apontam que 4 em cada 10 chamados terminam com o morador de rua levado a abrigo.