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Partidos criam frente contra novo modelo para eleição

‘Distritão’, que vai a votação, é criticado por facilitar reeleição de deputado; disputa pode ter verba pública

- (FSP)

Classifica­do por críticos como uma manobra para assegurar a reeleição dos atuais deputados federais, o “distritão” enfrentará forte resistênci­a na votação em plenário na Câmara, onde precisará do apoio de pelo menos 308 dos 513 parlamenta­res.

O modelo, usado para candidatur­as a deputado e vereador, substituir­ia o atual a partir de 2018 e é apoiado pela cúpula do Congresso e pelos principais partidos da base de Michel Temer. As bases dos partidos, no entanto, resistem à proposta.

Comissão especial que analisa a reforma política aprovou o modelo no final da noite de anteontem por margem apertada, 17 a 15.

Já há frente contra o “distritão” com oposição e governo: PT, PC do B, PSOL, PR, PRB, PHS, PSD, PSB e PDT.

Patrocinad­o pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso, o “distritão” já foi rejeitado pela Câmara, em 2015. Mas agora ganhou apoio em outras legendas governista­s e dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Atualmente, no modelo proporcion­al, há cálculo que usa toda a votação dada a candidatos de um partido (incluindo votos na legenda) ou coligação. No “distritão”, são eleitos os mais votados. Os votos aos não eleitos ou aqueles em excesso aos eleitos são desconside­rados.

Nos bastidores, o argumento pró-distritão tem sido o seguinte: no atual modelo é preciso que o partido reúna o maior número de votos. Logo, quanto mais candidatos lançar, melhor. No “distritão”, vale lançar apenas os que têm chances reais.

Devido à proibição do financiame­nto empresaria­l, o dinheiro será escasso. Por isso, quanto menos pessoas para dividir recursos, melhor. Assim, os candidatos tendem a ser os que já têm mandato.

“Essa é uma tentativa de seguro-reeleição para os atuais deputados federais. Quem estuda sistema eleitoral sabe que a renovação é praticamen­te impossível dentro do ‘distritão’”, disse Henrique Fontana (PT-RS).

A comissão também aprovou a criação de mais um fundo público para bancar campanhas, de R$ 3,6 bilhões. A reforma tem que passar ainda pelos plenários da Câmara e do Senado.

Blidagem

O relator da reforma, Vicente Cândido (PT-SP), afirmou ontem que atendeu a um pedido do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ao tentar aprovar uma medida que blindaria Maia e Eunício de ações da Lava Jato.

A medida estenderia aos chefes do Legislativ­o proteções do presidente da República. Ele desistiu. Jucá não foi encontrado

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