Trump fala em uma opção militar contra Venezuela
Presidente dos EUA sobe o tom e afirma ter ‘muitas opções’ para agir contra Nicolás Maduro
Washington O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que não descarta uma “opção militar” contra a Venezuela. Sem detalhar, disse que, “se for necessário”, poderá buscar uma ação militar.
“Temos muitas opções para a Venezuela, inclusive uma opção militar se for necessário”, declarou, em Nova Jersey, quando questionado por uma repórter sobre a situação do país sul-americano.
Trump não quis dar mais detalhes, só repetiu que uma opção militar é “certamente algo que podemos buscar”.
“[A Venezuela] é nossa vizinha, e nossas tropas estão por todo o mundo, em lugares muito, muito distantes. A Venezuela não é muito longe, e as pessoas estão sofrendo e morrendo”, disse.
O regime do ditador Nicolás Maduro não havia respondi- do à fala de Trump até a conclusão desta edição.
A declaração ocorre na mesma semana em que Trump subiu o tom contra a Coreia do Norte, ao dizer que os EUA responderiam “com fúria e fogo” caso o regime do ditador Kim Jong-un continuasse a ameaçar Washington com testes de mísseis.
O Itamaraty informou, após a fala do presidente norteamericano, que o Brasil defende uma solução pacífica e de diálogo para a Venezuela.
A posição é apoiada por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru.
A crise venezuelana se intensificou depois da eleição de uma Assembleia Constituinte, no último dia 30, em uma votação contestada pela comunidade internacional.
Um dia após a votação, os EUA afirmaram que a Venezuela é uma ditadura e aplicaram sanções contra Maduro, a quem acusam de romper a ordem constitucional.
A ONU denunciou que as forças de segurança têm uti- lizado força excessiva e tortura para reprimir os protestos contra Maduro, sendo responsáveis por dezenas de mortes desde o início da onda de protestos, em abril.
Encontro
Maduro havia dito anteontem que pediu ao chanceler venezuelano que contatasse Washington para tentar arranjar um telefonema com Trump, ou um encontro durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.
“Se está tão interessado na Venezuela, estou aqui mister Trump”, disse, para na sequência chamá-lo de imperador e fazer uma ameaça. “Jamais vamos nos render e responderemos a uma agressão com armas na mão.”
A fala foi feita para os constituintes. Ontem Maduro se subordinou ao poder da Assembleia, formada apenas por aliados dele. Ele ainda entregou um projeto que pune com até 25 anos de prisão quem convocar “ações violentas e que provoquem caos e aflição”, mirando aos protestos de oposição.