PSB vive uma crise de identidade
Com o vácuo de liderança deixado pelo presidenciável Eduardo Campos, cuja morte completa três anos amanhã, o PSB (Partido Socialista Brasileiro) se vê na iminência de uma debandada e com divergências internas.
Agregador e com visibilidade, Campos atraiu nomes dificilmente identificáveis com a bandeira socialista e que hoje puxam a fila de dissidências —com Heráclito Fortes (PI) à frente, mais de dez deputados dizem estar com “a faca nas costas” e devem migrar para o DEM.
Ruralistas filiados por Campos hoje batem cabeça com “socialistas históricos” como o presidente da sigla, Carlos Siqueira, em debates como o das reformas econômicas. A decisão de votar a favor da denúncia contra Michel Temer coroou a divisão do partido na Câmara.
No dia 2, a líder Tereza Cristina (MS) orientou a ban- cada a votar pelo prosseguimento da ação, mas antecipou que votaria de forma diferente. Por fim, a sigla deu 22 votos a favor e 11 contra.
O presidente se diz parte da “ala ideológica” do partido, que tenta preservar a memória de Miguel Arraes (1916-2005) e o programa histórico do PSB.
“O DNA do PSB é de esquerda, não tem como mudar. Mas a gente pode encontrar o equilíbrio”, diz Jo- nas Donizette, prefeito de Campinas (SP).
Para ele, o partido precisa se modernizar. “O estatuto fala em desapropriação de terra. Nem a China comunista tem isso mais!”.
Sem Campos, o comando passou a ser disputado entre o grupo ligado ao ex-governador, que inclui Siqueira e o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e e do vice-governador de São Paulo, Márcio França.
O paulista, favorável aos integrantes não necessariamente identificados com as bandeiras tradicionais do PSB, ganha força com a perspectiva de assumir o governo do Estado após eventual renúncia de Geraldo Alckmin para a eleição de 2018.
“O ideal seria todo mundo pensar igualzinho, mas não vejo como pode acontecer”, diz França. “Se quiser ser grande, o partido não pode ser 100% homogêneo.”