Agora

Corinthian­s De paii para filho

Emocionado com o momento vivido pelo filho, pai de Pedrinho revela os sonhos e as lições do xodó da Fiel

- (Luciano Trindade)

Um pai disse ao filho: —Tenha sempre cuidado por onde caminha. Então, o filho respondeu: —Tenha cuidado você também. Lembre-se que eu sigo os seus passos.

Orgulhoso com o que acabara de ouvir, o pai sorriu e envolveu o garoto num forte abraço. Com apenas 13 anos, o menino já estava pronto para sair de casa e partir em busca dos sonhos que os dois compartilh­avam.

A jornada dele começou cedo. Num campo em frente à casa onde morava, no bairro de Chã da Jaqueira, em Maceió, Pedrinho deu os primeiros passos no futebol. Foi ali que seu pai, Pedro da Silva, percebeu o talento genuíno do filho, o mesmo que ele sonhava ter na infância.

“Eu tinha muita vontade de ser jogador, mas meu pai pediu para que eu trabalhass­e para ajudar a família”, contou seu Pedro, emocionado, ao Agora. “E eu também não tinha a habilidade que ele tem. Deus me abençoou com o Pedrinho.”

Do campinho humilde, Pedrinho passou pelo CSA-AL e pelo Vitória antes de chegar às categorias de base do Corinthian­s, em 2013. E foi no Timão que o sonho começou a se tornar uma realidade.

No início do ano, logo após conquistar a Copa São Paulo, o jovem craque, de 19 anos, foi promovido por Fábio Carille ao elenco profission­al. E precisou de poucos jogos para virar o novo xodó da Fiel.

Desde sua estreia, contra o Red Bull, pelo Campeonato Paulista, o meia-atacante disputou 15 partidas pelo Timão. O mais emocionant­e para sua família foi o recente duelo contra o Patriotas-COL, pela Sul-Americana, quando ele marcou seu primeiro gol.

“Estava vendo o jogo junto com minha filha [Luana] e minha mulher [Luciana], a gente pulou bastante, cheio de alegria e de emoção”, contou seu Pedro, ansioso para festejar o Dia dos Pais.

Com a folga que Carille deu ao elenco neste fim de semana, Pedrinho viajou para Maceió na sexta e já está com a família. “Ele é meu grande presente do Dia dos Pais”, diz seu Pedro, nesta entrevista. soas que meu filho era diferencia­do, elas duvidavam. Mas ele está aí para provar.”

“Quando ele era criança e me via tomar cerveja, dizia: ‘Pai, você quer ver eu virar jogador, então para de beber. Senão, você vai ficar doente e não vai ver eu jogar’. Ouvir uma criança pedir isso ao pai foi uma lição.”

“A gente sabia as dificuldad­es que ele teria por causa do corpo dele. Ele era um menino muito magrinho. Quando ele saiu de casa para morar sozinho, em alojamento, eu sabia que essa dificuldad­e ele ia ter. As grandes equipes de futebol exigem garotos altos e fortes. Mas ele não desistia. Aí eu conversava com ele e dizia: ‘Pedrinho, você tem de se alimentar mais. Deixar de comer besteira.’ Talento ele tinha, mas faltava corpo.”

“O meu filho me ajuda muito. Eu sou maqueiro em um hospital aqui, em Maceió. Gosto muito do que eu faço, mas meu salário é muito pequeno. E o Pedrinho, mesmo quando ganhava R$ 300, me mandava R$ 250 para ajudar em casa. E hoje não é diferente. Ele ganha mais e continua me ajudando muito. Quando ele era pequeno, já era assim. Quando eu ficava doente, ele tomava meu lugar e colocava o time em campo, assumindo a responsabi­lidade.”

“Era um sonho meu ver o meu filho no Corinthian­s. Eu não tenho nem palavras nesse momento para explicar o que é isso. A gente fica muito feliz e sem palavras. Num time como o Corinthian­s, eu não imaginava que fosse assim [virar um xodó da torcida tão rápido]. Mas, desde pequeno, vendo ele, eu tinha a esperança de que seria um bom jogador pela habilidade que ele tinha com a bola. Por isso, eu lutei bastante para ele chegar aí. Eu, quando estou em casa assistindo aos jogos, fico muito emocionado quando vejo a torcida gritando o nome dele. Quando ele entra e faz aquelas jogadas, a gente fica mais feliz ainda, torcendo para que tudo continue dando certo.”

 ?? Reprodução/Instagram ?? Pedro da Silva, o pai de Pedrinho, é o maior incentivad­or do jovem corintiano desde que o filho começou a carreira na base do CSA; em cima, à direita, aparece também Luciana, a mãe do camisa 39 do time alvinegro
Reprodução/Instagram Pedro da Silva, o pai de Pedrinho, é o maior incentivad­or do jovem corintiano desde que o filho começou a carreira na base do CSA; em cima, à direita, aparece também Luciana, a mãe do camisa 39 do time alvinegro

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