Agora

Procurador­ia suspende delação de Eduardo Cunha

Principal crítica dos investigad­ores é que ele oferece pouco ao poupar aliados e focar nos inimigos

- (FSP)

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi informado de que as negociaçõe­s de seu acordo de delação foram suspensas pela Procurador­ia-Geral da República.

Pessoas que estiveram com o ex-deputado após o episódio relatam que ele não se exaltou ao receber a notícia. Ele está preso há dez meses no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), e já tem uma condenação em processo da Operação Lava Jato.

Os advogados do ex-deputado estudam a possibilid­ade de insistir na delação após a troca do procurador-geral da República. No dia 17 de setembro, Rodrigo Janot, que ocupa o cargo, será substituíd­o por Raquel Dodge, nomeada para o cargo pelo presidente Michel Temer.

Segundo envolvidos nas tratativas, o principal motivo da suspensão das conversas seriam os temas pouco consistent­es oferecidos pelo ex-deputado federal.

Como a reportagem informou em julho, os investigad­ores vinham insistindo para que Cunha apresentas­se informaçõe­s sobre uma conta bancária em um paraíso fiscal que pudesse ter ligação direta com Michel Temer.

Outra condição para que as negociaçõe­s evoluíssem era que Cunha entregasse fatos ilícitos envolvendo aliados, como os deputados do “centrão”, bloco político que o ajudou a se eleger presidente da Câmara em 2015 e que foi determinan­te para o impeachmen­t da então presidente da República, Dilma Rousseff, em 2016.

Foco nos inimigos

Um das principais críticas dos investigad­ores é que desde que o ex-deputado começou a negociar seu acordo, há cerca de três meses, ele focou somente em temas espinhosos para seus inimigos e tentou reduzir danos aos aliados.

O rascunho de delação de Cunha chegou a ter cerca de 100 anexos e mirou nomes como o secretário-geral da Presidênci­a, Moreira Franco, e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Também estavam na proposta de delação do ex-deputado o lobista e ex-conselheir­o da Toyo Setal, Júlio Camargo, e o lobista Fernando Soares, o Baiano. Ambos delataram Cunha em seus acordos com a Procurador­ia.

Benefícios

Como as conversas travaram, a defesa de Cunha e a PGR nem chegaram à fase de discussão de benefícios, no entanto, os procurador­es já haviam sinalizado que o desejo do político de sair no fim do ano não seria atendido.

Desde que representa­ntes de Cunha buscaram os procurador­es para uma negociação, grande parte da força-tarefa de Curitiba se posicionou contra a tratativa.

Integrante­s do grupo relataram à reportagem que ele era o chefe de uma organizaçã­o e que não fazia sentido dar qualquer tipo de benefício ao cabeça do grupo.

 ?? Guilherme Pupo - 20.oct.2016/Folhapress ?? O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso há dez meses no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), na Operação Lava Jato
Guilherme Pupo - 20.oct.2016/Folhapress O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso há dez meses no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), na Operação Lava Jato
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil