Ex-procuradora da Venezuela se diz perseguida por Maduro
Luisa Ortega Díaz pretende entregar a quatro países provas que incriminam o ditador por corrupção
Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral destituída pela Assembleia Constituinte da Venezuela, disse ontem que entregará a quatro países, incluindo o Brasil, as provas que incriminam o ditador Nicolás Maduro e seus aliados em casos de corrupção.
A dissidente chavista afirma que, dentre eles, estão as acusações relacionadas à construtora brasileira Odebrecht. O material será dado também a procuradores de EUA, Colômbia e Espanha.
“Essas provas tenho comigo e vou cedê-las aos Estados para que procedam a investigar as pessoas a que correspondam, a Nicolás Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez, não somente pelo caso Odebrecht”, disse Ortega Díaz, em encontro de procuradores-gerais de países do Mercosul em Brasília.
O constituinte Cabello e Rodríguez, prefeito de Libertador (maior município do país), são considerados os dois principais dirigentes do chavismo depois de Maduro.
Odebrecht
Pela primeira vez, a exprocuradora relatou que tem provas de que Cabello recebeu US$ 100 milhões da Odebrecht por meio de uma empresa espanhola registrada em nome de seus primos.
Segundo ela, há 11 obras da Odebrecht paralisadas em seu país. Questionada, Ortega disse que não detectou a participação de brasileiros.
A ex-procuradora-geral afirmou também que Maduro é o dono de uma empresa com sede no México responsável por distribuir cestas básicas para pessoas de baixa renda na Venezuela.
Ortega chegou ao Brasil na noite de anteontem acompanhada por assessores e pelo marido, o deputado Germán Ferrer. O casal estava desde sexta na Colômbia, onde quer se asilar.
O ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes também ofereceu asilo à ex-procuradora, mas ela afirmou que pretende permanecer exilada na Colômbia.
Na abertura do evento na PGR, a 22ª Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul, o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, destacou o apoio a Ortega, tratada como a “legítima procuradora-geral.”
“Assistimos a um estupro institucional do Ministério Público venezuelano. Sem independência, o Ministério Público do nosso vizinho ao norte não tem mais condições de defender os direitos das vítimas e acusados nem de conduzir investigações criminais ou atuar em juízo com isenção”, afirmou Rodrigo Janot.
Em nota, a Odebrecht limitou-se a dizer que “está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua”.