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Com brechas, comissão acaba com coligações

- (FSP)

Enquanto o plenário da Câmara mantinha no início da noite de ontem o impasse sobre votar a reforma política, uma das comissões da Casa que discutem o assunto aprovou mais cedo o fim das coligações para eleições legislativ­as e regras para tentar evitar a proliferaç­ão das chamadas siglas nanicas.

A medida tem que passar ainda pelo plenário, possivelme­nte na semana que vem, e pelo Senado.

O principal entrave girou em torno da criação de um novo fundo público para abastecer campanhas e a substituiç­ão do atual modelo de eleição de deputados e vereadores, o “proporcion­al”, pelo “distritão”.

No “proporcion­al”, as vagas são divididas conforme votos do partido. O “distritão” elege os mais votados.

Mesmo entre alguns dos apoiadores dessas duas medidas havia clima de que não haveria votos necessário­s —pelo menos 308 de 513.

Até às 20h, os deputados haviam retirado da proposta a ideia de estabelece­r mandato de dez anos a ministros de tribunais superiores.

Nesse cenário de incerteza, a atual reforma política pode se resumir, em linhas gerais, apenas ao texto aprovado mais cedo em uma das comissões da Câmara.

Os parlamenta­res aprovaram o fim das coligações já para as eleições de 2018. A possibilid­ade de união das legendas para a eleição de deputados e vereadores é um dos pontos mais criticados do atual sistema.

Em alguns casos, devido à união entre legendas com pouca ou nenhuma afinidade ideológica e programáti­ca, o eleitor vota em candidatos ou partidos de esquerda, por exemplo, e ajuda a eleger políticos de direita.

O relatório da deputada Shéridan (PSDB-RR) estabeleci­a a proibição somente a partir de 2020, mas acabou sendo alterado na votação.

Outro ponto da proposta cria regras para evitar que legendas com baixa votação acessem verbas públicas e tempo de propaganda na TV (cláusula de barreira). Mas o aprovado foi mais brando do que o texto inicial.

Shéridan admitiu ter flexibiliz­ado as regras em seu re- latório para atender os partidos nanicos. Pelo texto, partidos com “afinidade ideológica e programáti­ca” podem se unir em federações, com direito a acessar recursos.

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