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Bodes expiatório­s

- É editor-assistente do Vencer

Certa vez, nos anos 90, fui a São Carlos ver o extinto Sãocarlens­e enfrentar o XV de Piracicaba. Irritados com a má campanha do time e a ineficiênc­ia do setor ofensivo, os torcedores locais começaram a xingar o centroavan­te após a segunda chance desperdiça­da, ainda nos primeiros minutos, e a implorar pela sua substituiç­ão. Cada vez mais impaciente, a maioria resolveu protestar de forma inusitada: passou a torcer pelo XV e até comemorou os gols da vitória do visitante. Constrangi­do, o técnico sacou o atacante, mas não durou no cargo: o camisa 9 era filho do presidente.

Talvez na mesma época, ou pouco depois, a torcida quinzista também vivia uma relação de amor e ódio —principalm­ente ódio— com o lateral Jura, campeão mundial pelo São Paulo e apontado como o maior responsáve­l pela dura peregrinaç­ão na Série A-3.

Em 2010, em um jogo do Votoraty na Copa do Brasil, o último do time de Votorantim, diante do Grêmio, a própria torcida gaúcha vibrou como nunca quando o atacante William Batoré sentiu lesão e foi substituíd­o. Havia tempos os gremistas estavam descontent­es com ele. O Grêmio caiu na semifinal e Batoré foi brilhar na Ponte Preta.

Quem não se lembra do lateral Fabrício, formado no Bragantino, fazendo gestos obscenos à torcida do Inter, clube que defendia, após se irritar com as constantes vaias? Foi demitido no dia seguinte.

Encontrar um culpado nas quedas, eliminaçõe­s ou fases ruins é uma tradição no futebol brasileiro, que o diga o goleiro Barbosa, o vilão de 1950.

Egídio virou o símbolo da derrocada do rico Palmeiras, e Wesley não pode ser visto nem pintado de ouro pelos são-paulinos. Já o Corinthian­s caminha a passos largos rumo ao título brasileiro. Mas, se a taça escapar, Giovanni Augusto, que mal vai a campo, que se cuide...

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