Bozo: de viciado em drogas a pastor

O roteiro do filme “Bingo — O Rei das Manhãs” foi baseado em um perfil de Arlindo Barreto publicado pela revista “Piauí” em 2007. Hoje com 64 anos, o ator nasceu em Ilhéus, na Bahia, e é filho da atriz Marcia de Windsor, que trilhou carreira em telenovelas brasileiras nos anos 1960 e 1970. Querendo seguir os passos da mãe, aos 26 anos, Barreto teve aulas de teatro, balé clássico, jazz, sapateado e canto. Fez seus primeiros trabalhos na TV como figurante em novelas da Globo e ganhou um personagem em “Imigrantes”, da Band. O ator também ficou conhecido por ter trabalhado em 25 filmes de pornochanchada.

Em 1981, o SBT comprou os direitos de imagem do personagem Bozo. Barreto trabalhava na linha de shows da emissora e ficou sabendo que produtores americanos fariam testes para o papel. Ele não tinha intenção de disputar a vaga, mas tomou as dores dos colegas, que foram humilhados pelo diretor estrangeiro, e entrou no estúdio xingando em português. O americano achou sua figura engraçada e logo o ator começou a estrelar o programa dominical. Na época, Barreto dividia o papel com o ator Luis Ricardo Monteiro, com quem tinha uma grande rivalidade.

Sem muita experiência na arte circense, Barreto foi trabalhar no Circo Vostok para aprender a ser palhaço. O sucesso do personagem Bozo lhe lhe rendeu cinco troféus “Imprensa” de melhor programa infantil. “Ele era um desses sucessos raros”, diz a atriz Ana Lucia Torre, que interpreta a mãe de Barreto no filme.

Com o sucesso, veio também o auge do uso de bebidas e drogas. A morte da mãe, em 1982, agravou o vício em entorpecentes. Em 1998, o ator revelou ao extinto jornal “Notícias Populares” que usava cocaína para “manter a alegria” do personagem.

Barreto tentou se livrar do vício e encontrou saída na igreja evangélica. Elisabete Locatelli, sua atual mulher, foi quem o levou à igreja após uma tentativa de suicídio, em 1986. Hoje, o artista é pastor da Convenção Batista de São Paulo.