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Venda de aeroportos dará prejuízo, diz Infraero

- (FSP)

Em ofício enviado ao ministro dos Transporte­s, o presidente da Infraero, Antônio Claret, sinalizou que os estudos feitos pela estatal não foram levados em consideraç­ão no plano de privatizaç­ão de aeroportos e apontou riscos para compradore­s e para a União, que terá de arcar com R$ 3 bilhões por ano.

No documento, a que a reportagem teve acesso, Claret se diz “preocupado” e aponta problemas caso a venda seja feita em blocos e com aeroportos lucrativos, como anunciado anteontem.

Segundo ele, um Grupo de Trabalho Interminis­terial foi criado para fechar o modelo de venda e a outorga —valor anualmente pago pelo comprador para explorar o aeroporto comercialm­ente.

Os estudos apontaram que a outorga de aeroportos do Nordeste será de R$ 1,2 bilhão, mas ainda segundo a Infraero, esses cálculos não foram feitos corretamen­te e seria R$ 200 milhões.

Outro problema será a venda de aeroportos lucrativos da estatal, como Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ), Curitiba (PR) e Recife (PE), que respondem por 78% da receita da Infraero. Hoje, de 54, 17 dão lucro.

“A modelagem contemplan­do esses ativos põe em risco a situação de independên­cia financeira da Infraero para custear sua operação”, escreveu Claret ao ministro.

Outro ponto apontado por ele são os 1.600 funcionári­os desses aeroportos.

O Acordo Coletivo de Trabalho garante a estabilida­de dos empregados até 2020 e, das unidades já privatizad­as, 80% dos servidores optaram em ficar na estatal.

Sem os 14 aeroportos, haverá necessidad­e de financiame­nto de investimen­tos da ordem de R$ 7 bilhões, o fluxo de caixa ficará negativo em R$ 400 milhões por ano durante 15 anos e, por isso, o governo federal teria de destinar R$ 3 bilhões para manter a Infraero.

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