Agora

A ressurreiç­ão de Jô

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A história de Jô ganha, a cada dia, proporções bíblicas. Não há aqui qualquer intenção de fazer trocadilho com Jó, do Antigo Testamento, embora os dois guardem alguma semelhança, no sentido de que ambos passaram por situações dramáticas, tiveram perdas pessoais e afetivas, viveram a decadência e se recuperara­m pela fé.

Jô também teve paciência de Jó ao iniciar os treinos, ainda no ano passado, para readquirir a forma quando mais parecia um ex-atleta, após ser dispensado pelo Jiangsu Suning, da China, e ficar meses sem um clube que lhe abrisse as portas.

A trajetória de sucesso, que atingiu o auge com a conquista da Libertador­es de 2013 pelo Atlético-MG, além da disputa da Copa do Mundo de 2014, parecia irremediav­elmente enterrada. O mergulho no álcool, as farras com mulheres nas noitadas e o histórico de faltas a treinos e jogos mancharam sua imagem. Quando ele voltou da China, pouca gente apostava um tostão furado nele. O anúncio de sua contrataçã­o pelo Corinthian­s veio cercado de desconfian­ça.

Mas Jô acreditava em si mesmo, assim como sua mulher, Cláudia, que lhe deu uma chance após quase ter oficializa­do a separação. Sem grana, a diretoria corintiana lhe ofereceu o contrato porque não haveria custo na transferên­cia. Os torcedores rivais até faziam piada. Àquela altura, o Palmeiras ostentava Borja, Willian e companhia, enquanto o São Paulo celebrava a chegada do badalado Lucas Pratto.

Pois Jô surpreende­u o mundo. Não só é o artilheiro do Brasileirã­o, como também dá assistênci­as, faz o pivô, cai pelos lados, se multiplica em campo. Virou líder do time e maior jogador do campeonato. Merece vaga na seleção para coroar a incrível ressurreiç­ão e servir de exemplo aos decaídos.

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