Agora

Xerife sobreviven­te

Rodrigo Caio é um dos poucos jogadores que estiveram no primeiro Choque-Rei desta temporada

- (Alinne Fanelli)

O São Paulo mudou muito desde o primeiro confronto com o Palmeiras este ano, no Allianz Parque, em 11 de março. Só quatro jogadores que foram titulares naquele Choque-Rei permanecem hoje: Rodrigo Caio, Buffarini, Jucilei e Lucas Pratto.

De lá para cá, muita coisa se transformo­u. No total, 13 atletas chegaram ao Tricolor e outros tantos saíram. O clube está em uma reconstruç­ão no meio do Brasileirã­o.

O Agora perguntou a Rodrigo Caio se ele se lembrava daquela escalação. “Denis, Douglas, Buffarini, eu, Júnior... João [Schmidt], Jucilei... Cícero, Pratto... Cueva? Faltam os pontas”, respondeu. Cueva não esteve naquele jogo. Eram Luiz Araújo e Thiago Mendes os que ele não conseguiu se lembrar.

Segundo o jogador, a acachapant­e derrota por 3 a 0 abalou o time, que a partir dali desandou na temporada.

Nesta entrevista, o defensor comentou que, até o momento, não recebeu nenhuma proposta para sair. A janela de transferên­cias fecha no próximo dia 31.

Depois do confronto de hoje com o Palmeiras, ele vai representa­r a seleção brasileira nas eliminatór­ias da Copa.

Rodrigo Caio relembrou sua quase ida para o Zenit, da Rússia, e ainda defendeu sua convocação. Disse que está sujeito a erros como todo ser humano, mas que aprende com eventuais falhas para não repeti-las. E ressaltou que foi campeão olímpico e teve boa performanc­e pela seleção. “A memória das pessoas é curta”, lamenta. Agora Assim como o clássico de março marcou o declínio do time pós-ChoqueRei, o confronto de hoje pode servir para um renascimen­to do São Paulo? Rodrigo Caio Ali foi o momento que nosso time começou a cair. Naquele jogo não conseguimo­s encaixar nosso estilo de jogo, de marcação alta, jogando sempre para frente, tendo a posse de bola. Não conseguimo­s fazer nada do que o Rogério pediu. Isso de alguma forma abalou a equipe e, depois dali, não encaixamos mais. Hoje nosso time vem se encaixando, com partidas mais sólidas, e isso nos dá bastante esperança de que vamos crescer. E não tem momento melhor, no campo adversário, onde nunca vencemos. Seria um alívio muito grande ver que estamos no caminho certo. Todos os jogadores treinaram muito forte na semana, estamos muito preparados. Agora Todo ano, você é um dos líderes do elenco que dão a cara para bater no momento ruim do time... Rodrigo A gente vive de resultados, de títulos, e somos cobrados. É muito difícil porque muitas pessoas não entendem que nós temos vida fora de campo. Fico muito triste quando a equipe não vence. De 2013 para cá, só brigando para não cair, e isso é muito triste pela grandeza do São Paulo. É uma frustração muito grande. Agora Vocês estão fazendo contas no Brasileiro? Rodrigo Eu procuro não olhar muito a tabela, a gente só depende de nós para sair da zona de rebaixamen­to. Se vencermos, tenho certeza de que as equipes que estão acima vão tropeçar. Precisamos ter esse pensa- mento, de vencer e somar pontos para que a gente a cada jogo consiga subir um degrau. Não podemos ficar torcendo para rival perder. Tem de pensar em ganhar. Agora Como foi aquele fim de semana que você quase foi para o Zenit-RUS? Aquilo mexeu muito com você? Rodrigo Você está jogando e começa a questão de negociação. Procuro sempre me concentrar, colocar minha cabeça no lugar e não deixar que nada me atrapalhe, por mais que seja difícil. Claro que que em alguns momentos atrapalha, por mais que tenha a cabeça mais forte do mundo. Somos seres humanos e isso acontece. Procurei deixar isso com o São Paulo, com meu empresário, e acho que conduziram da melhor forma possível. Agora Por que, dessa vez, você estava disposto a jogar no futebol russo? Rodrigo Teve uma proposta oficial e foi muito alta. A decisão ficou para mim e, por alguns fatores, as coisas não andaram como deveriam. Um pouco pela minha parte, mas muito mais pela parte de lá. Nunca foi um lugar para o qual eu gostaria de ir, mas eu fiquei bastante motivado no momento em que eu soube da comissão técnica, com o Roberto Mancini, por ser um treinador vitorioso. Seria uma grande oportunida­de. O fato também de ser o país da Copa ajudou para que eu pensasse na ideia. Agora Você imaginou que seria convocado pelo momento que o São Paulo vive? Rodrigo Eu estava bem confiante. As análises são do Tite e da comissão técnica. Fui muito bem na Olimpíada, tive a oportunida­de de jogar contra a Colômbia. Fui convocado para os amistosos e isso conta. Fiz boas partidas e isso me capacitou a ser convocado. E também tem os treinament­os, quando o treinador observa de perto. Agora O que pesou para que você fosse convocado? Rodrigo Por eu ser novo, tirando essa Copa, devo ter mais duas com possibilid­ade de alta performanc­e, e isso ajuda também. São vários fatores, como o estilo de jogo que ele gosta, com saída de bola, sempre dando opções ali atrás. Você sem medo de sair jogando ajuda bastante. Fico feliz de estar neste momento, eu me dediquei muito para isso e acho que eu me capacitei bastante para estar convocado. Sei que a concorrênc­ia é forte, são grandes nomes e todos merecem, mas é momento e oportunida­de. Em todas que eu tive, eu aproveitei. Agora Muitas pess oas questionar­am a sua convocação, você acompanhou? Rodrigo Eu procuro não ficar assistindo a programas. Quando eu era mais novo, eu gostava bastante. Mas vejo que hoje não vale a pena. Eu gosto de assistir às coisas porque tiro algo positivo, independen­temente do que assisto. Mas vejo que hoje em dia não se tira nada de positivo do que as pessoas falam. Pelo contrário, às vezes torcem para dar errado. Não é porque eu errei contra o Cruzeiro e assumi, pedi desculpas, que eu não mereço estar na seleção. Pelo contrário, sou ser humano e estou sujeito a errar. Batalhei e busquei essa convocação. Fui campeão olímpico, mostrei nível bom de atuação. Muitos não veem isso, a memória das pessoas é curta. Pensam que, pelos erros, não mereço. A regularida­de que eu tenho no São Paulo é grande. Quando eu erro, também tiro algo de positivo, porque isso vai fazer com que eu não erre novamente. Agora Sendo torcedor do São Paulo e criado na base, você teve oportunida­de de jogar com ídolos como Rogério Ceni, Kaká, Lugano e Hernanes. Pensou nisso já? Rodrigo Sem dúvida. Jogadores que eu via na TV, que eu admirava desde a base. Felicidade de fazer parte da história de carreira deles. Fico feliz e honrado, espero aproveitar e aprender com eles, porque são vencedores na vida. A gente precisa têlos sempre por perto, para aprender com as pequenas coisas, atitudes dentro e fora de campo. Assistia ao Hernanes em 2008, eu o via jogar em alto nível, e hoje ele divide o quarto na concentraç­ão comigo. Isso faz você valorizar ainda mais tudo o que construiu. Faz você pensar que tudo valeu a pena.

 ?? Ronny Santos - 18,mai.17/Folhapress ?? O zagueiro Rodrigo Caio durante treino do São Paulo no CCT da Barra Funda; um dos quatro remanescen­tes são-paulinos do primeiro Choque-Rei deste ano, ele vê o clássico de hoje como ideal para o Tricolor reagir
Ronny Santos - 18,mai.17/Folhapress O zagueiro Rodrigo Caio durante treino do São Paulo no CCT da Barra Funda; um dos quatro remanescen­tes são-paulinos do primeiro Choque-Rei deste ano, ele vê o clássico de hoje como ideal para o Tricolor reagir

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