Agora

Família de preso por estupro em ônibus pede internação

Mãe afirma que comportame­nto do suspeito mudou após ele sofrer acidente e ficar em coma

- (Fabio Pagotto)

A família do ajudante geral Diego Ferreira de Novais, 27 anos, preso acusado de estupro após ejacular em uma passageiro em um ônibus na avenida Paulista, na região central da capital, na terçafeira passada, quer que ele seja internado e passe por tratamento psiquiátri­co.

“Meu filho não é ruim. Quero que ele passe por tratamento”, afirma a dona de casa Iracema de Moraes, 49 anos, mãe do acusado. Segundo ela, Novais não agia desta forma até 2006, quando sofreu um acidente de automóvel e teve ferimentos graves na cabeça. “Ele ficou 15 dias em coma no Hospital das Clínicas, passou por duas cirurgias no cérebro e permaneceu internado por dois meses”, disse.

“Quando ele voltou para casa, era outra pessoa. Era um menino alegre e estudioso, ajudava o pai no trabalho de raspar tacos. Virou um garoto silencioso e agressivo”, afirma a dona de casa.

Segundo ela, o filho ficou com sequelas. Perdeu o paladar e o olfato, tem sangrament­os nasais e manca da perna direita. “Ele passou por tratamento psiquiátri­co e neurológic­o e também fez fisioterap­ia até 2010”, diz. Depois do acidente, Novais, que trabalhava com o pai, um instalador de tacos, só conseguiu fazer bicos.

O primeiro registro que a polícia tem do comportame­nto sexual abusivo de Novais é de dezembro de 2009, quando ele baixou as calças e exibiu o pênis à mulher em um ônibus. No total, há 16 boletins de ocorrência contra Novais por crimes sexuais.

A família, no entanto, soube anos depois do comportame­nto dele. “A primeira vez que ouvimos falar que ele teve problemas com comportame­nto sexual estranho foi em 2014. Só soubemos porque a polícia veio em casa dizer que ele tinha sido pre- so”, afirmou o irmão de Novais, o autônomo Lucas Ferreira de Novais, 21 anos. “No ano passado moradores da comunidade aqui perto vieram avisar que deveríamos tomar uma providênci­a porque ele estava molestando mulheres nas lotações. Tentamos manter ele em casa, mas é difícil”, afirma.

Registros

A mãe conta que só soube do último ataque de Novais porque ele saiu de casa e não voltou, na terça-feira. “Uma vizinha disse que ouviu o nome dele na televisão. Vimos na internet e ligamos na delegacia. Ele foi solto antes que pudéssemos ir lá buscálo”, disse. De acordo com ela, Novais não voltou para casa e desligou o celular. “Estamos com muito medo que aconteça algo com ele, porque a imagem dele está em todo lugar. O pai está atrás dele”, falou. Até ontem à noite, ele não havia sido localizado.

O crime

Na terça-feira, o ajudante geral Diego Ferreira de Novais, 27 anos, foi preso em flagrante após se masturbar e ejacular em uma passageira de um ônibus na avenida Paulista

O boletim de ocorrência

Na ocorrência, a Polícia Civil registrou o crime como estupro

Importunaç­ão ofensiva ao pudor

Incomodar alguém ou constrange­r de modo ofensivo em lugar público sem ameaça ou violência

Pena: multa

A soltura do suspeito

Na quarta-feira, a Justiça determinou a soltura de Novais, alegando que ele havia cometido uma contravenç­ão, importunaç­ão ofensiva ao pudor, e não o crime de estupro

O que disse a Justiça

Em sua decisão, o juiz José Eugênio do Amaral afirmou que não houve constrangi­mento à vítima, não configuran­do o estupro. Por lei, o constrangi­mento ocorre quando há ameaça ou violência contra a vítima

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Reprodução Ônibus onde suspeito ejaculou no pescoço de passageira na avenida Paulista, Centro, terça-feira

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