Empresas têm mais de um contrato
Pesquisa mostra que o contrato direto com a empresa garante que o funcionário ganhe 4,7% a mais
A terceirização não derruba bruscamente o salário do brasileiro, segundo estudo publicado em revista da USP (Universidade de São Paulo), com base em dados de mais de 13 milhões de trabalhadores acompanhados de 2007 a 2014 (ano das estatísticas mais recentes).
Empregados que passaram a ser terceirizados —ou seja, começaram a trabalhar para uma empresa que intermedeia serviços, em vez de serem empregados diretos— tiveram perda salarial média de 2,3% no período.
Já terceirizados que passaram a ser empregados diretos tiveram alta de 4,7% na remuneração.
“O estudo desmonta o mito de que a terceirização precariza o salário”, diz Eduardo Zylberstajn, um dos autores, com Guilherme Stein e Hélio Zylberstajn. Segundo ele, o equívoco vem de comparações impróprias, como o artigo publicado pela CUT (Cen- tral Única dos Trabalhadores) em 2014, que comparava o salário médio de setores passíveis de terceirização com o de todos os outros e encontrava diferença de 24,7%.
Áreas diferentes
O estudo identificou diferenças expressivas entre seis atividades. No telemarketing, por exemplo, o trabalhador perde em média quase 9% de sua remuneração quando vira terceirizado. Já os vigias que trocaram um contratante direto por uma terceirizada tiveram alta no salário, de 5% em média.
Zylberstajn sugere duas hipóteses para que a terceirização seja vista como um modelo que precariza salário e condições de trabalho.
Uma é que há terceirizadas que não recolhem encargos
“O que dá segurança no emprego não é ser CLT, é a competência”, diz Leonardo Santos, diretor de TI da Minuto Seguros, que coordena 30 pessoas contratadas diretamente. Segundo ele, achar e, por isso, baixam muito seu custo. “Na origem do problema está a prática ilegal da prestadora, não o modelo de contratação.” O segundo motivo para a “demonização”, segundo o economista, que a contratação direta dá mais estabilidade “é pura ilusão.” Na Minuto Seguros há vagas terceirizadas (limpeza e segurança) e contratadas pela empresa (TI e telemarketing). é que ela traz dificuldade para os sindicatos. Se montadoras do ABC contratarem empresas de outras regiões, a representação sindical será pulverizada e os sindicatos perderão força.
Segundo pesquisa do IBGE, a cada 100 trabalhadores das cidades brasileiras, seis são terceirizados. A insegurança jurídica é uma das hipóteses para o baixo índice desse tipo de contrato.