Agora

Janot abre investigaç­ão que pode anular da JBS

Procurador fala em omissão de informação por áudio que indica crimes de agentes da PGR e do Supremo

- (FSP)

Em pronunciam­ento convocado de última hora ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que determinou abertura de investigaç­ão que pode levar ao cancelamen­to da delação premiada de três executivos do grupo J&F, dono da empresa JBS.

Janot abriu procedimen­to de revisão dos acordos de Joesley Batista, um dos donos do frigorífic­o, Ricardo Saud e Francisco de Assis.

O procurador-geral citou indícios de omissão de informaçõe­s sobre práticas de crimes. O problema surgiu após os delatores entregarem à PGR (Procurador­ia-Geral da República), na semana passada, novos áudios.

Em conversa de quatro horas entre Joesley e Saud —que parecem não saber da gravação—, há indícios de crimes cometidos por agentes da PGR e do STF (Supremo Tribunal Federal). A gravação foi feita em 17 de março, dez dias depois de Joesley ter gravado o presidente Michel Temer e dias antes de assinarem o acordo com a PGR.

O áudio não é um dos recuperado­s do gravador de Joesley pela Polícia Federal, segundo a PGR. Foi entregue pelos delatores na semana passada, data limite para complement­ar os acordos.

“Áudios com conteúdo gravíssimo foram obtidos na quinta-feira. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaborado­res com referência­s indevidas à PGR e ao Supremo”, disse Janot.

“Tais áudios também contêm indícios, segundo os dois colaborado­res, de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller, que ao longo de três anos foi auxiliar do gabinete do procurador-geral.”

Pelo diálogo entre Joesley e Saud, Janot suspeita que Miller tenha ajudado a JBS a confeccion­ar uma proposta de acordo de delação.

Na gravação, Saud diz que já estaria “ajeitando” a situação do grupo J&F com Miller e que o então procurador estaria “afinado” com eles.

Os delatores falam que esperavam que Miller facilitass­e o caminho na PGR, “inclusive sugerindo futura sociedade em escritório­s de advocacia em troca no processo de celebração dos acordos de colaboraçã­o premiada”.

 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista coletiva convocado por ele ontem para anunciar a decisão de rever delação da JBS
Pedro Ladeira/Folhapress O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista coletiva convocado por ele ontem para anunciar a decisão de rever delação da JBS
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