Janot deu mole, Temer se deu bem
Que Joesley Batista, da JBS, não é um sujeito de confiança, todo mundo sabe —ou deveria saber.
O presidente Michel Temer (PMDB) colocou seu emprego em risco quando recebeu o empresário de noite, no Palácio do Jaburu, para uma conversa das mais suspeitas.
Joesley Batista gravou o papo e entregou o áudio às autoridades. Temer acabou acusado de corrupção.
Pois agora é a vez de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desconfiar que também foi enrolado pelo dono da JBS.
Apareceu uma nova gravação, na qual o empresário e um cupincha falam um monte de barbaridades. Entre elas, dão a entender que estão sendo ajudados por um funcionário próximo a Janot.
Esse auxiliar, chamado Marcello Miller, era procurador na época da conversa, em março. Depois, pediu o boné e virou advogado do grupo que manda na JBS.
Já se criticava muito o acordo de delação fechado na correria entre a Procuradoria-Geral e Joesley Batista —que escapou da cadeia. Agora a história ficou ainda mais esquisita.
Descoberta a lambança, Janot ameaça cancelar o acordo. Diz ele que, nesse caso, a turma da JBS perde as mamatas, mas as provas entregues na delação continuam valendo.
Pode até ser, mas quem se deu bem nessa história foram Michel Temer e outros políticos acusados ou suspeitos de falcatruas.
Afinal de contas, todos podem dizer que a palavra de Joesley não vale nada. Não é bem assim: existem casos concretos como a mala de dinheiro dada a um assessor da Presidência.
Mas que Janot deu mole, deu.