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Elo de Odebrecht com Lula era movido a propina, diz Palocci

Em depoimento, ex-ministro afirma que petista e empresa fizeram ‘pacto de sangue’ de R$ 300 mi

- (FSP)

Em depoimento ao juiz Sergio Moro ontem, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que a relação entre a Odebrecht e os governos de Lula e Dilma Rousseff era “movida a propina”.

“Movida a vantagens dirigidas à empresa, a propinas pagas pela Odebrecht a agentes públicos, em forma de doação de campanha, benefícios pessoais, caixa 1, caixa 2”, disse o ex-ministro.

Palocci, que negocia uma delação premiada com a Lava Jato, afirmou que Lula avalizou um “pacto de sangue”, no qual a Odebrecht se c omprometeu a pagar R$ 300 milhões em propinas ao PT entre o final do governo Lula e os primeiros anos do governo Dilma.

O ex-ministro foi ouvido na ação em que Lula é acusado de ter recebido da Odebrecht um t erreno de R$ 12,4 milhões, destinado a ser a nova sede do Instituto Lula (o que acabou não se concretiza­ndo), e um apartament­o de R$ 540 mil em São Bernardo do Campo (SP), vizinho ao que o petista mora com a família.

O “pacto de sangue” teria sido fechado em uma conversa entre Emílio Odebrecht e Lula. O empreiteir­o tinha receio que a relação da empresa com a presidente Dilma Rousseff não fosse tão fluída como no governo Lula.

O empresário, então, teria proposto a Lula um pacto para manter o protagonis­mo da Odebrecht não só nos contratos da Petrobras, mas em todo o governo.

O acordo previa a reforma do sítio de Atibaia usado por Lula, a compra do terreno da nova sede do Instituto Lula e os R$ 300 milhões de propina à disposição do ex-presi- dente e do PT.

Com o depoimento, o exministro confirmou a acusação feita pelo Ministério Público Federal de que a compra disfarçava propina ao ex-presidente e admitiu que mediou este arranjo. A compra do terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula foi feita via construtor­a DAG, suposta laranja.

O negócio foi operaciona­lizado por Roberto Teixeira, advogado de Lula, e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do petista. Palocci disse que ele e Lula eram informados de tudo no esquema. Ainda segundo o depoimento, ele e Marcelo Odebrecht temiam que as autoridade­s descobriss­em.

 ?? Eraldo Peres - 15.jun.2005/AP ?? O então presidente Lula conversa com Antonio Palocci, à época ministro do governo petista, em 2005; preso, Palocci tenta delação premiada na Lava Jato
Eraldo Peres - 15.jun.2005/AP O então presidente Lula conversa com Antonio Palocci, à época ministro do governo petista, em 2005; preso, Palocci tenta delação premiada na Lava Jato
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