Joesley diz não ter recebido auxílio de ex-procurador
Após polêmica sobre áudios, empresário prestou depoimento e falou que não teve ajuda para delação
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República ontem, Joesley Batista, sócio majoritário da J&F, controladora da JBS, afirmou que não recebeu orientações do ex-procurador Marcello Miller para negociar um acordo de delação premiada, nem para gravar o presidente Michel Temer no encontro ocorrido no Palácio do Jaburu, no último dia 7 de março.
O empresário depôs por quase três horas na sede da PGR, em Brasília.
Além dele, prestaram depoimento outros dois delatores, Ricardo Saud, diretor e lobista do grupo, e o executivo e advogado da empresa Francisco de Assis e Silva.
Os três foram chamados a prestar esclarecimentos sobre o áudio polêmico entregue à Procuradoria no dia 31 passado, em que Joesley e Saud indicam que Marcello Miller teria atuado para ajudá-los no processo de delação quando ele ainda ocupava o cargo de procurador.
Os depoimentos de ontem foram feitos à subprocuradora Maria Clara Noleto,
Por causa dessa nova gravação, datada de 17 de março e com quase quatro horas de duração, o procuradorgeral, Rodrigo Janot, anunciou abertura de investigação para apurar omissão de informações, com ameaça de revisão dos benefícios concedidos aos três delatores, incluindo a imunidade penal.
A Procuradoria-Geral da República entende que houve descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificaria provocar a revisão dos benefícios.
A expectativa é que Rodrigo Janot anuncie a partir de agora a sua decisão em relação à revisão do acordo, o que pode ocorrer até hoje.
Uma eventual revisão dos termos da delação não foi discutida no depoimento dos delatores de ontem.
O procurador-geral deve encaminhar sua posição ao ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo, responsável por decidir sobre o tema.