Agora

Conversa de boteco

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Correu o Brasil a imagem do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, conversand­o numa mesa de bar com o advogado de Joesley Batista, dono da JBS.

A foto foi tirada por um frequentad­or do boteco, em Brasília, no sábado (9). Um dia antes, Janot havia pedido a prisão de Joesley Batista, que aconteceu no domingo.

A Procurador­ia soltou nota dizendo que o encontro foi casual, e os dois só trataram de amenidades, nada de trabalho. Uma grande coincidênc­ia.

Mesmo se o assunto fosse a JBS, é bom di- zer, não haveria nada de ilegal no diálogo. Mas a história pegou mal para Janot.

Ele já queimou seu filme com a suspeita de que um ex-auxiliar seu, Marcello Miller, teria ajudado Joesley Batista e sua turma a negociar o acordo de delação fechado em maio.

A desconfian­ça aumentou com a descoberta de e-mails trocados entre Miller e um escritório de advocacia contratado pelo grupo que controla a JBS.

Com tanto cheiro de queimado na história, Janot pediu a suspensão do acordo com os delatores da empresa. Foi o que o Supre- mo Tribunal Federal fez. Agora, é preciso decidir se o entendimen­to vai ser cancelado, mantido ou refeito.

O melhor é que Janot deixe esse caso para sua sucessora, Raquel Dodge, que assume na próxima semana.

Ele já se atrapalhou no início da negociação, quando topou livrar Joesley Batista da cadeia em troca das informaçõe­s que atingiam em cheio o presidente Michel Temer (PMDB).

Agora é torcer para que toda a confusão não prejudique as investigaç­ões, porque os fatos são muito graves.

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