Dois professores são alvo de agressões por dia no Estado
Pelo menos um em cada quatro casos no primeiro semestre tinha estudante como agressor
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A cada dia, em média, quase dois professores são agredidos em seus locais de trabalho no Estado de São Paulo, mostram dados de registros policiais obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O número leva em conta as 178 queixas de educadores em delegacias no primeiro semestre deste ano em datas do calendário escolar (dias úteis do período de fevereiro a junho).
Elas se referem a ocorrências de “vias de fato” (37%), como um empurrão sem maiores consequências, e ao crime de lesão corporal (63%). Aconteceram em creches, escolas e universidades, públicas e particulares.
Há educadores atingidos com lixeiras, carteiras escolares, socos, chutes e pontapés (leia texto abaixo). Em ao menos um de cada quatro casos, um aluno foi apontado entre os agressores —a maioria dos registros não identifica os responsáveis.
O número real de ocorrências é provavelmente ainda maior, pois, em um terço dos casos, a profissão da vítima não é identificada no boletim. Sabe-se ainda que, em estatísticas de violência, é comum haver subnotificação, pois parte das pessoas não procura a polícia.
A violência contra professores ganhou repercussão com a imagem de Márcia Friggi, de Indaial (SC), com sangue no rosto após levar um soco de um aluno.
Violência
Para especialistas, dois fatores se combinam para explicar as agressões. De um lado, está a violência que existe na própria sociedade. “Os conflitos transpassam o muro da escola e continuam ali”, diz Renato Alves, pesquisador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP.
Por outro lado, a desconexão entre o aluno e a escola agrava o problema, diz Bernard Charlot, é professor visitante na Universidade Federal de Sergipe. “Um aluno que passa cinco dias na escola desinteressado, sem ver sentido no que aprende, vira foco de tensão permanente. Com qualquer faísca, pode gerar incêndio.”