Agora

O andar de cima e o andar de baixo

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Até o início da crise que jogou a economia no chão, a pobreza estava caindo no Brasil.

Isso acontecia por vários motivos. O principal é que as empresas estavam contratand­o mais, o que aumentava os salários.

Também ajudavam, claro, os reajustes do salário mínimo e a ampliação do Bolsa Família.

Nas contas do Ipea, um órgão do governo, um em cada três brasileiro­s (33,7%) era pobre em 2004. Dez anos depois, em 2014, essa proporção caiu para 13,3%.

Nesse período, os governos do PT faziam propaganda de que estavam diminuindo a distância entre os ricos e os pobres.

Ou seja, diziam que a melhora do país estava enriquecen­do mais o povão do que os endinheira­dos.

Hoje estamos descobrind­o que a história não era assim.

As pesquisas que apuram a renda dos brasileiro­s são feitas por meio de entrevista­s. É só perguntar ao cidadão o quanto ele ganha e anotar a resposta.

Isso funciona bem quando o sujeito vive de salário: aí a resposta vem fácil.

Mas a turma do andar de cima ganha dinheiro de muitas outras formas —com imóveis e com juros, por exemplo. Nesses casos, muitos não contam a grana toda.

Para tirar isso a limpo, muitos pesquisado­res estão conferindo as declaraçõe­s do Imposto de Renda. E o que eles estão descobrind­o é que os ricaços continuara­m por cima da carne seca.

Em todo lugar há ricos e pobres, claro. Mas, no Brasil, a diferença entre eles é uma das maiores do mundo.

Basta dizer que, pelas novas contas, os 10% mais endinheira­dos ficam com mais da metade da renda do país todo.

E o pior é que o andar de baixo sofre muito mais na crise.

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