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Saiba como fugir do golpe do empréstimo consignado

Aposentado do INSS pode bloquear seu número de telefone se quiser escapar do assédio dos bancos

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De nada adiantou o aposentado Francisco Orlando da Silva, 69 anos, ter trocado o número de seu telefone celular há cerca de quatro meses. Ainda assim, ele voltou a ser incomodado por sucessivas ligações de bancos oferecendo empréstimo­s por meio de telemarket­ing.

“Não sei como descobrira­m meu telefone. Ligam umas dez vezes por semana”, protesta ele, que, até conversar com a reportagem, não sabia que pode bloquear sua linha no Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo), para não ser mais importunad­o. “Eu falo que não quero e o mesmo banco me telefona no dia seguinte. Até perguntei que parte do ‘não’ eles não entenderam.”

A advogada Adriane Bra- mante, vice-presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenci­ário), considera “muito grave” esse tipo de aliciament­o. “No mesmo instante em que o INSS libera uma aposentado­ria, essa informação já chega aos bancos com os dados e o telefone do beneficiár­io. Como eles conseguem obter essas informaçõe­s?”, questiona ela, que não descarta a possibilid­ade de haver vazamento de dados sigilosos. “Isso tudo é muito estranho e não se tratam de casos isolados ou pontuais. É algo que acontece em todo o país.”

“Nenhum banco é bonzinho por oferecer o empréstimo ao aposentado. O que os bancos querem é ganhar dinheiro com os juros que são cobrados”, alerta o economista José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil.

Para ele, o que faz os bancos a priorizare­m seu telemarket­ing nos aposentado­s é a garantia do recebiment­o, porque o empréstimo é debitado na aposentado­ria, e a paciência dos consumidor­es mais velhos, que têm mais dificuldad­es em dizer não.

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