CET pediu até furadeira para compensação de trânsito
Para liberar obras, gestão Haddad exigiu, em troca, aparelhos sem benefício direto a motoristas e pedestres
Para liberar a instalação ou a reforma de empreendimentos de grande porte em São Paulo, como shoppings, condomínios e universidades, a prefeitura precisa, pela legislação, exigir das empresas contrapartidas para atenuar os impactos que serão causados no trânsito.
Sob a gestão Fernando Haddad (PT), no entanto, a CET aprovou estabelecimentos em troca de equipamentos sem nenhuma relação direta com a circulação de veículos e pedestres nas regiões atingidas. Entre os itens pedidos para aliviar os transtornos ao tráfego estiveram furadeiras, ar-condicionado, empilhadeiras, impressora serigráfica, aparelhos celulares e até a reforma de prédios da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da SPTrans (empresa que cuida do transporte).
Levantamento da reportagem em quase 200 certidões emitidas desde 2013 identi- ficou pelo menos 12 casos que, segundo especialistas, prejudicam as áreas que recebem esses polos geradores de tráfego. Todos ocorreram na gestão Haddad, para quem qualquer benefício à CET, na prática, significa uma melhoria ao trânsito.
Entre as exigências comuns para mitigar os impactos provocados por grandes empreendimentos estão a manutenção ou troca de semáforos, obras viárias, criação ou iluminação de faixas de pedestres, sinalização e instalação de câmeras.
Nos casos inusitados identificados pela reportagem estão a modernização do sistema de ar-condicionado da central de operações da CET na rua Bela Cintra exigida em troca de obras do Hospital Santa Catarina e a reforma do subsolo e da sobreloja de prédio da SPTrans no centro pedida em troca de obra do Hospital Nove de Julho.
Para aliviar os impactos das obras de dois dois prédios do condomínio Jardim das Perdizes (zona oeste), foi exigido do empreendedor a reforma de dois prédios da CET, no Tatuapé (leste) e Vila Leopoldina (oeste).