Rezando pelo emprego
Em agosto, 35,5 mil empregos com carteira assinada foram criados no Brasil. É melhor do que nada, claro, mas ainda não dá para comemorar.
Basta lembrar o seguinte: essas vagas, chamadas formais, já foram 41,8 milhões, em novembro de 2014. Agora, não chegam a 38,5 milhões.
Quer dizer: mais de 3 milhões de trabalhadores ficaram sem ocupação ou tiveram de se virar em algum bico, sem carteira.
A situação está menos ruim neste ano. Nos primeiros oito meses, foram abertas 163,4 mil novas vagas. Algumas atividades estão contratando, outras ainda não.
A agricultura, a indústria e o ensino, por exemplo, estão gerando empregos em 2017. No comércio e na construção civil, o saldo é negativo (embora favorável em agosto, pelo menos).
Mas, quando perguntaram ao coordenador-geral de estatísticas do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, se o número final do ano vai ser positivo, a resposta deu a maior bandeira.
“Quem tiver uma vela pode acender, quem tiver Ave Maria pode rezar”, disse o funcionário.
Quando as autoridades apelam para a religião, é porque o cenário não está dos melhores.
Sempre há muitas demissões em dezembro: é quando mandam embora gente que foi contratada em caráter temporário.
Ou seja, é bem capaz de termos mais um ano (o terceiro seguido) de queda do emprego com carteira.
No máximo, vai dar para dizer que a queda não foi tão feia quanto as de 2015 e 2016. Mas isso não serve muito de consolo.