Agora

‘Exige calma e controle’

- (LF)

Pais e filhos armados com fuzis, metralhado­ras e pistolas lutam contra uma série de inimigos para defender seu espaço. A cena poderia fazer parte de um conflito armado na Síria, no Afeganistã­o ou no Paquistão, mas não passa de uma diversão que virou febre em shoppings da Grande São Paulo.

Estandes de tiro oferecem, a adultos e crianças, experiênci­as com réplicas de brinquedo de armas famosas, como fuzis norte-americanos e russos e metralhado­ra alemã (veja quadro). A brincadeir­a preocupa especialis­tas (leia nesta página).

Dono de uma empresa de turismo, Luiz Destro, 49 anos, levou o filho Eduardo, 12 anos, para jogar com ele. “Foi uma distração enquanto minha mulher e minha filha faziam compras. Acho que é bom porque exercita a concentraç­ão”, diz.

Para ele, o jogo “não estimula a violência, assim como os jogos de computador com mortes também não são responsáve­is”. “Foi importante para nós por ser uma brincadeir­a que pude participar ao lado dele”, afirmou.

Diferentem­ente do paintball, que usa bolas de tinta vermelha, as armas de brinquedo são carregadas com balas de plástico, que não são mortais —elas são reutilizáv­eis e têm força para ultra-

O piloto de helicópter­o Clóvis Takekawa, 48 anos, diz que decidiu na hora do almoço levar o filho Luigi, 12 anos, para jogar airsoft. A família é de Rio Claro (173 km de SP) e estava na capital a passeio. Ele diz que o jogo foi uma diversão de pai e filho e ajuda na formação do meni- passar os alvos de papel.

Esses alvos podem ter o desenho de um bandido ameaçando um refém, de um zumbi ou de um ladrão. Há também os chamados alvos “reativos” (pretos, em formato oval, têm números que marcam a pontuação) o desenho de um tronco.

O armamento é bem mais leve que o original e não tem o tranco de uma arma real.

É possível brincar em uma baia, onde os alvos são afastados por meio de um botão. Há, também, jogos de equipe, com óculos de proteção.

Procurado, o Exército não se manifestou sobre o tema. no. “É um jogo que exige calma, paciência e controle.”

Para ele, o mal não está nos objetos, mas no uso que dão a eles. “Foi isso que reforcei com meu filho. A faca usada por um chef para preparar um prato também pode ser a arma para matar outra pessoa”, diz.

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