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Ano que vem está diz Doria sobre ser candidato

Prefeito defende prévias amplas no PSDB para escolher quem será candidato tucano a presidente

- (FSP)

Candidato a presidenci­ável tucano em 2018, o prefeito paulistano, João Doria, repete o mantra ao ser perguntado sobre o tema: ‘O ano que vem está longe’.

Motivos não lhe faltam. Vem sendo chamado de traidor por aliados do seu padrinho político, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que busca o Palácio do Planalto em 2018.

O tucano defende que o PSDB, se for ter prévias para decidir o candidato tucano à Presidênci­a da República, que as faça entre todos seu 1,2 milhão de filiados —alckmistas sugerem algo restrito, teoricamen­te mais sob controle do governador, embora no fundo nenhum dos dois lados acredite que o embate irá ocorrer.

Isso estabeleci­do, Doria fala com a naturalida­de de quem está testando discursos. Definiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o candidato a ser derrotado, esteja o petista impedido ou não de concorrer por provável condenação em segunda instância por corrupção.

Com isso, valoriza o ativo que burilou ao longo do ano: o discurso antipetist­a. A entrevista foi concedida anteontem à noite, em sala de reuniões da prefeitura. Pergunta

Nas últimas semanas, desenhou-se um quadro mais claro de sua postulação à Presidênci­a. O sr. é candidato? João Doria Eu sou candidato a continuar sendo prefeito da cidade de São Paulo. O ano que vem está longe. Agora é precipitad­o. O momento para discutir isso é janeiro. O próprio PSDB adensará o debate sobre a candidatur­a, o que deverá ocorrer entre janeiro e março. Pergunta Se o sr. deixar a prefeitura, não teme ficar com a pecha de traidor de seus eleitores? E o governo do Estado, o sr. considera a disputa? Doria Não, isso é um tema que não está colocado. Sobre o Estado, nem creio que o PSDB terá uma decisão em novembro, quando há convenção, sobre isso. A meu ver seria precipitad­o. Pergunta O sr. coloca a posição nas pesquisas como o fator prepondera­nte para a escolha do candidato, enquanto apoiadores de Alckmin falam em prévias. Qual sua posição? Doria Defendo que a pesquisa tem de ser respeitada, uma ou duas pesquisas. É um elemento de tecnologia e informação confiável. Somase a isso a ideia de prévias, mas prévias amplas, não restritas. Só se justificam prévias para todos os filiados nacionalme­nte do PSDB. Fora disso, não dá para chamar de prévia. Pergunta Mudaria de partido? Doria Não há razão nesse momento de pensar em desvincula­ção do PSDB. Pergunta O sr. tem falado com Alckmin? Doria Acabei de falar, falo quase todo dia. As relações são amistosas e constantes. Pergunta O PSDB novamente debate apoio ao governo. Isso ocorre com o fato do afastament­o de Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato pelo Supremo. Como o sr. avalia o caso? Doria O PSDB é parte do go- verno Temer, tem quatro ministros no governo, e Aécio Neves não é um deles. Minha defesa não é do governo, é do Brasil, e a economia está melhorando. Em relação ao senador, não me cabe evidenteme­nte questionar posições do Judiciário, mas talvez tenha havido uma dose um pouco excessiva na medida adotada de punir sem dar a ele a continuida­de de seu direito de defesa. Pergunta Essa associação com o impopular governo Temer não será pesada demais para o PSDB? Doria Talvez. Mas é preciso compreende­r que a dimensão de um partido com a história do PSDB não pode estar só alicerçada nas suas legítimas ambições eleitorais, em interesses pessoais. Mesmo que gere desgaste. Pergunta A campanha de 2018, e mesmo seu discurso antipetist­a, vinham sendo pautados pela presença de Lula e de um anti-Lula. Se o ex-presidente não estiver no páreo, como será a candidatur­a de seu campo? Doria Lula estará no páreo mesmo se não for cand i d at o . Se não for, talvez até com mais força, porque vai se apresentar como vítima de todos. Haverá maior vigor de Lula defendendo, se não for sua candidatur­a, a do PT. É ilusão achar que, se Lula estiver inelegível, estará inabilitad­o para fazer campanha. Pergunta Sem Lula, o campo da centro-direita tende a se pulverizar. Isso é positivo ou negativo? Doria É preciso ver como se comporta essa área de centro, entre centro-esquerda, centro-direita. Quem terá o discurso inovador, quem terá o discurso motivador, o discurso aglutinado­r. Os outros discursos você já conhece. É a esquerda e a extrema-esquerda com Lula ou preposto, e a direita, extrema-direita, com o [deputado federal] Jair Bolsonaro. Pergunta Qual o tom para essa candidatur­a? Há uma apatia em relação à política. Doria E há. Uma parte sensível do eleitorado é refratária aos políticos de forma geral, até com certa dose de injustiça, pois qualifica todos dentro de um patamar de negativida­de. É preciso um discurso motivador para que as pessoas voltem a ter esperança de que é possível mudar o Brasil pelo voto. Pergunta Como apresentar uma candidatur­a como o ‘novo’ de um partido tradiciona­l? Em 2016, o PSDB fez isso com o sr. em São Paulo, mas não soaria contraditó­rio nacionalme­nte? Doria Não creio. O eleitorado, é claro, avalia o partido, não o dissocia do candidato, mas a avaliação é muito pessoal. Pergunta O sr. e o governo lançaram programas de privatizaç­ão. Há receio de que o governo acabará usando os recursos para custeio. O sr. vê paralelos entre os dois programas? Doria Zero para custeio. Não creio que seja a intenção, mas, se for, seria prudente rever. Recurso deve ser colocado em fundo para aplicação no social. Pergunta O sr. recebe críticas sobre as relações com o setor privado. Como vê do ponto de vista de formação de imagem pública? Doria De forma positiva. Só tem investimen­to privado governo que tem confiança privada, e isso temos.

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Marlene Bergamo/Folhapress O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), concede entrevista em sala de reuniões da prefeitura; tucano afirma que ex-presidente Lula é o candidato a ser derrotado em 2018, esteja ou não impedido de concorrer
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Bruno Rocha/Agência O Globo

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