Congresso evita controle de armas
Depois de cada massacre nos EUA, a sociedade civil se mobiliza e senadores e deputados propõem leis para restringir o acesso a armas nos país. De 2011 a 2016, mais de cem projetos de lei de controle de armas foram apresentadas no Congresso. Nenhum passou.
No ano passado, o Congresso americano bloqueou uma lei que impedia pessoas na “lista de terroristas” de comprarem armas —a justificativa foi que a medida poderia ser ampla demais e causar injustiças.
Em 2012, quatro meses depois do massacre de Sandy Hook, em que um atirador matou 26 pessoas, entre elas 20 crianças, o Senado não aprovou um projeto que exigia que o governo checasse os antecedentes criminais de todos aqueles que quisessem comprar uma arma.
Em 1994, foi aprovada uma lei que proibia venda e uso de fuzis semiautomáticos como os do atirador de Las Vegas, mas a legislação expirou em 2004 e fracassaram várias tentativas de ressuscitá-la. Em contrapartida, um projeto que facilita a compra de silenciadores, intitulado “ato de proteção de audição”, tramita a todo vapor.
A dificuldade de aprovar leis de controle de armas é reflexo da força do lobby pró-armas nos EUA, cujo representante máximo é a National Rifle Association (NRA). No ano passado, a NRA doou US$ 33 milhões para o então candidato Donald Trump e mais US$ 20 milhões para senadores republicanos.
A NRA afirma que sua missão é reservar o direito consagrado pela Segunda Emenda da Constituição americana, que protege o direito do povo de ter e portar armas. A legislação é reflexo da época em que ainda estava fresca na memória a luta pela independência dos EUA, e entronizava o direito de lutar contra os colonizadores.
Na versão moderna, a entidade quer preservar o di- reito de as pessoas se armarem para se protegerem de criminosos —ao mesmo tempo em que garante os interesses das grandes fabricantes de armas no país.
A autodefesa incluiria o di- reito do cidadão de entrar em uma loja e sair com seu fuzil. Em Nevada, isso é ainda mais fácil, porque lá você pode comprar seu fuzil online ou de um vizinho, sem ninguém checar seus antecedentes criminais. Pela legislação brasileira, só o Estado pode comprar fuzis semiautomáticos como o AR-15, para uso de policiais ou das Forças Armadas.
Pelo visto, o presidente Trump não vai decepcionar a NRA. Em fevereiro, ele enterrou uma regulamentação que restringia a compra de armas por pessoas com problemas mentais.
A medida incluía na lista nacional de antecedentes pessoas que recebem auxílio do governo por terem doenças mentais ou que são consideradas inaptas para cuidar de suas próprias finanças.