Independência deve ser adiada
Um dia após o plebiscito separatista marcado pela violência policial, o governo Catalão pediu ontem uma mediação internacional para resolver a crise e deu sinais de que a declaração unilateral de independência não será imediata.
O presidente catalão, Carles Puigdemont, disse a jornalistas que não quer uma ruptura traumática. “Queremos um novo entendimento com o Estado espanhol.”
Na véspera, seu governo havia declarado que 90% dos eleitores votaram “sim” na consulta pela separação do território da Espanha. Apenas 2,2 milhões de pessoas, 42% do eleitorado, participaram.
Estava previsto que o Par- lamento catalão declarasse a independência 48 horas após o voto. Mas o pedido por mediação deve desacelerar o processo. O governo regional sinaliza, ainda, que vai agendar a discussão legislativa apenas amanhã. A declaração pode ocorrer só na próxima semana.
As autoridades centrais em Madri não reconhecem o plebiscito, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, e não vão aceitar a declaração de independência, que não deve ter apoio da comunidade internacional.
Apesar dos pedidos do governo catalão por mediação, a resposta de outros países e da União Europeia foi morna, apoiando a manutenção da lei por Madri —ainda que cri- ticando o uso da força. O Parlamento Europeu vai debater o assunto na quarta.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, estuda agora como reagir ao desafio separatista. Ele se reuniu com as principais forças políticas para buscar apoio ao seu argumento de que está apenas defendendo a lei no país. Uma das opções atuais de Madri é aplicar o chamado Artigo 155, que revoga temporariamente a autonomia catalã e permite a imposição de eleições.
Centenas de pessoas protestaram ontem contra a violência diante da sede da polícia em Barcelona. Com bandeiras catalãs, eles gritavam “covardes” e “as ruas serão sempre nossas”.