Itinerantes
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, é raro no Brasil um clube mudar de cidade. Quando acontece, geralmente a equipe não dura muito, como se, por alguma justiça divina, pagasse o preço da “traição”.
Campeão da quarta divisão paulista, o Manthiqueira tomou o lugar do extinto Guaratinguetá, que caiu em desgraça após uma malfadada experiência em Americana, em 2011. Quem também conheceu a glória, mas caiu em desgraça foi o Grêmio Barueri, justamente após uma curta passagem por Presidente Prudente. O que dizer do Audax, antigo Pão de Açúcar, que embora tenha atingido o auge em Osasco, neste ano amargou a queda para a Série A-2 do Paulista e deixou de figurar no Brasileiro?
Exemplos de fracassos de clubes migrantes não faltam no país: Campinas, Roma-PR, Cene-MT, Ipatinga-MG etc. Mas o caso mais emblemático, que parece contrariar a lógica, é o do Oeste.
O tradicional clube fundado em Itápolis, que está próximo de seu centenário, sempre recebeu carinho na cidade, especialmente a partir de 1997, quando começou a embalar a série de acessos, culminando no festejado título da Série C de 2012.
A relação com a cidade, porém, começou a azedar ao mesmo tempo em que o dinheiro do seu Mário, o mecenas do Grêmio Osasco e do Audax, falou mais alto: em 2015, o clube se mudou para Osasco e, em seguida, para Barueri. A diferença é que, mesmo oferecendo o ingresso mais barato e tendo uma das piores médias de público da Série B, o rubronegro caminha a largos passos para alcançar a elite do Brasileiro.
Ao contrário dos amigos de Itápolis, que não querem ver o time pintado de ouro, torço para que suba. Quem sabe no topo, o Oeste sossega e começa a criar uma identidade.