Cemitérios ao deus-dará
Bandido não tem medo de assombração. Pelo menos nos cemitérios de São Paulo criminosos entram e saem sem a menor cerimônia.
Uma inspeção realizada pelo Tribunal de Contas do Município descobriu que nesses locais acontecem pelo menos 108 furtos por mês, em média.
O número deve ser maior. Dos 22 administradores de cemitérios na capital, só 17 responderam às perguntas do TCM.
Mas o que já se sabe é suficiente para constatar que túmulos e outras instalações estão ao deus-dará.
Os furtos mais comuns são de objetos como placas de identificação, vasos e até estátuas.
Nos casos mais macabros, os ladrões fazem buracos nas sepulturas para surrupiar dentes de ouro ou joias, por exemplo.
Nem jazigos de personagens importantes, como os escritores Monteiro Lobato e Mário de Andrade, escaparam.
O cemitério da Consolação é o líder em ocorrências: 200 de janeiro a maio deste ano. O da Vila Mariana, com 193, não fica muito atrás. Imagine quanta coisa já acon- teceu antes da inspeção do TCM.
Para um bandido, é moleza: os muros, em geral, são baixos, e não há equipes de vigilância (fora algumas rondas da Guarda Civil Metropolitana).
Os números provocaram mais um jogo de acusações: a turma do prefeito João Doria (PSDB) culpa a do antecessor, Fernando Haddad (PT), que diz que os tucanos querem privatizar tudo a preço de banana.
Melhor deixar de conversa fiada: os cemitérios têm é de ser bem geridos, seja pelo poder público, seja pela iniciativa privada.