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Enterro de menina morta em creche comove cidade

Corpo de criança de 4 anos foi cortejado sob clima de tristeza, um dia após ataque que deixou 8 mortos

- (FSP)

Janaúba (MG) Com mais de uma dezena de carros, um ônibus escolar e uma série de motos e bicicletas, o cortejo que levou o pequeno caixão com o corpo de Ana Clara Ferreira Silva, 4 anos, ao cemitério São Lucas, em Janaúba, parou avenidas da cidade de 70 mil habitantes no norte de Minas Gerais.

Ela morreu um dia antes, na quinta-feira, carbonizad­a, após o vigia Damião Soares dos Santos, 50 anos, atear fogo em si e em crianças na creche municipal Gente Inocente, no bairro Barbosa, região afastada do centro da cidade, onde falta reboco nas casas e asfalto na rua. Outras seis crianças e uma professora morreram. Outras 41 pessoas estão internadas.

Segundo a polícia, Santos, que também morreu, tinha problemas psiquiátri­cos, havia dito à família que se mataria e planejou o ataque.

Uma multidão acompanhou o enterro de Ana Clara, na manhã de ontem. Um tio passou mal. Choravam sem parar o pai da menina, Nelson Silva de Jesus, e a mãe, Luana, que voltou de Montes Claros, maior cidade da região, para se despedir da criança. Ela foi à cidade vizinha para acompanhar os outros dois filhos, que também estavam na creche, inalaram fumaça e precisaram de atendiment­o médico. Todos passam bem. Ana Clara tinha ainda outros três irmãos. Um deles, gêmeo dela, não estava na creche no dia.

“É inexplicáv­el o que aconteceu, não tenho palavras. Ouvi no rádio que tinha fogo lá e na hora pensei nos meus netos. Tinha certeza que alguma coisa tinha acontecido com eles”, disse o lavrador Antonio Pereira da Silva, 56 anos, avô de Ana Clara. Ele diz que a neta “sempre brincava, gostava de rir”. O outro avô da menina, Jovelino da Silva, 61 anos, também lavrador, soube do ataque pelo rádio. “Raiva não sei mas a gente fica nervoso mesmo. Como uma coisa dessas pode acontecer?”

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Zanone Fraissat/Folhapress Luana (à esq.), mãe de Ana Clara Ferreira Silva, 4 anos, chora sobre caixão ao lado do pai da criança, Nelson Silva de Jesus (de boné), ontem de manhã, no cemitério São Lucas, em Janaúba; ataque com fogo em creche deixou oito mortos; agressor também...

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