Inalação de fumaça e gás tóxico trazem preocupação aos médicos
Janaúba (MG) A Prefeitura de Janaúba (MG) começou a fazer uma busca por crianças que estavam na creche no momento do incêndio e não foram atendidas em postos de saúde. Ontem, o número de feridos aumentou para 41 —anteontem, eram 21. Mais vítimas começaram a ser encaminhadas a hospitais por terem inalado fumaça e com dificuldade para respirar.
“Tinha mais de 80 crianças na creche, estamos fazendo busca ativa, indo de casa em casa. Às vezes a criança está bem, aparentemente, para os pais. Começa a tossir, o nariz sangra, logo tampa a glote e ela pode asfixiar”, disse a conselheira tutelar Gabriela Rodrigues Castro.
A experiência de socorro a vítimas no incêndio da boate Kiss, quando 243 pessoas morreram, em Santa Maria (RS), alertou autoridades de Minas sobre a necessidade de fornecer atendimento médico a todos que tiveram contato com a fumaça do incêndio em Janaúba.
Segundo especialistas, a inalação de fumaça, gases tóxicos e partículas durante o incêndio pode tanto colocar em risco pessoas que nem tiveram contato direto com as chamas, como agravar o quadro de queimados.
Segundo o major Claudio Azevedo, médico que coordenou equipes em um hos- pital em Santa Maria, pelas informações iniciais, o incêndio de Janaúba pode não ter tido o fator agravante dos gases tóxicos, que em Santa Maria foram liberados pelo isolamento acústico da Kiss.
Luciano Chaves, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diz que a preocupação dos médicos é com a queimadura de vias respiratórias. “As queimaduras, além do comprometimento da superfície corporal, tem a gravidade do comprometimento pulmonar.”
Três crianças de 2, 3 e 5 anos, tiveram queimaduras nas vias aéreas, respiram por aparelhos e estão em estado grave.