Agora

Mulheres deixam de ccoocchhii­llaarr para evitar abusos nos ônibus

Após série de prisões, fugir da lotação e até fazer cara feia viram tática em coletivos, no metrô e na CPTM

- Jaqueline Nunes, 28 anos, assistente de RH Silvana Lopes, 35 anos, estudante

As mulheres que usam o transporte coletivo na capital mudaram alguns hábitos após os recentes casos de abuso sexual. Agora, elas não dormem nem cochilam, evitam horário de pico (quando a lotação é maior) e ficam sempre alertas, desconfian­do de possíveis agressores. Vale até fazer cara feia para quem chega muito perto. As táticas valem para ônibus, metrô e CPTM.

A assistente de contabilid­ade Angélica Marques Damasceno, 28 anos, diz que não dorme mais no ônibus como era o seu costume no trajeto casa-trabalho. “Eu fico mais atenta com as pessoas que estão à minha volta e não durmo mais no ônibus. Não dá nem para cochilar. A gente fica receosa”, afirma.

A assistente de atendiment­o Jéssica Fidelis, 24 anos, diz que fica atenta a qualquer homem que chega perto, no ônibus ou no metrô. “Fico com medo, por isso, observo o comportame­nto dos que estão em volta.”

A estudante Aline Pereira, 25 anos, diz que sempre teve muita cautela ao usar o transporte público. Mas, agora, o cuidado redobrou. “Eu sempre fico de olho em quem está por perto e fico de lado [e não de costas] para a pessoa”, afirma.

Apesar do cuidado redobrado, elas não deixaram a rotina por conta do assédio. “Não vou parar de fazer minhas coisas por conta disso. Só evito o horário de pico, quando os ônibus estão mais cheios”, afirma a assistente de RH desemprega­da, Jaqueline Nunes, 28 anos.

Para se proteger, mulheres procuram, na região da rua 25 de Março (centro), aparelhos que dão choque. Ambulantes disseram que os casos de assédio aumentaram as vendas. Antes eram três por dia. Agora, cinco.

Há dois tipos de arma: a mais simples custa a partir de R$ 45 e a mais potente, entre R$ 80 e R$ 130.

Sair mais tarde

Saio de casa um pouco mais tarde para evitar o horário no qual os ônibus estão mais cheios.

Sem cochilo

Já fui assediada no ônibus enquanto estava dormindo. Hoje eu não durmo mais. Em pé ou sentada eles abusam.

 ?? Robson Ventura/Folhapress ?? A estudante Aline Pereira, 25 anos, anda de ônibus com atenção redobrada após casos recentes de abusos sexuais dentro de coletivos; passageira­s têm evitado horário de pico para evitar transporte público lotado
Robson Ventura/Folhapress A estudante Aline Pereira, 25 anos, anda de ônibus com atenção redobrada após casos recentes de abusos sexuais dentro de coletivos; passageira­s têm evitado horário de pico para evitar transporte público lotado

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