Jaçanã tem maior índice de mortes violentas na capital
Bairro tem índice superior ao México, que vive guerra civil. Chacinas próximas alavancam violência
43 38 34 34 29 27 22 21 20 20 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2
O bairro do Jaçanã (zona norte de SP) é recordista em número de mortes na capital: registrou 23 por 100 mil habitantes, nos 12 meses entre julho de 2016 e junho deste ano. Esse índice é superior ao do México, país assolado por guerras entre narcotraficantes.
O ranking desconsidera bairros centrais como a Sé, que tem mais de 70 casos por 100 mil habitantes, o Bom Retiro (30 mortes por 100 mil habitantes), e o Pari (52 casos por 100 mil habitantes), pois os dados não refletem a violência real, uma vez que nessas áreas há poucos moradores, e o índice não contabiliza a grande população flutuante.
No Jaçanã, duas chacinas a 500 metros uma da outra deixaram dez vítimas, alavancando a violência no bairro, que registrou total de 22 mortes. A suspeita da polícia é que a onda de mortes esteja relacionada a uma disputa por pontos de caçaníqueis e jogo do bicho.
Os dados fazem parte de um raio-X das mortes violentas na cidade feito pela reportagem, bairro a bairro e rua a rua, a partir da base de dados bruta do governo Geraldo Alckmin (PSDB), com milhares de mortes.
O critério para escolher os casos —similar ao internacional— contabiliza homicídios, lesões corporais seguidas de mortes e latrocínios (mortes em assalto), mas exclui mortes praticadas por policiais em confrontos.
O Jardim São Luís, distrito de M’Boi Mirim (zona sul), teve uma taxa de 16 mortes por 100 mil habitantes no período, o dobro da média da cidade. Para efeitos de comparação, o índice é superior ao de países como República Democrática do Congo, na África, e Porto Rico, na América Central, ainda que sejam inferiores à média brasileira de 27 assassinatos por 100 mil, uma das maiores do mundo. O bairro é o líder em mortes no período, se considerados os números absolutos: 43 no total.
Ao mesmo tempo, São Paulo também tem seu lado lado europeu. Outro jardim, o Paulista, bairro nobre da zona oeste, por exemplo, tem índice de uma morte a cada 100 mil habitantes, similar ao da Suécia.
Distritos
O levantamento mostra ainda que 33 dos 96 distritos têm índices menores que os dos Estados Unidos (4,8) e 28 com taxas maiores que a Nigéria (9,7).