Acusados de abuso sexual passam por curso no Fórum
Um encontro no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste), no último domingo, reuniu em uma sala 16 homens acusados de cometerem abuso sexual em veículos de transporte público.
No mesmo espaço, um sociólogo e um terapeuta tentavam explicar a eles um pouco sobre as raízes de uma sociedade machista —com homens que acham que “uma encoxada” ou “passada de mão” não é nada grave. Atentas às discussões, duas estudantes de psicologia eram parte da minoria feminina no local.
Os acusados compareceram ali como forma de escaparem de um processo na Justiça que resultaria em pena de prestação de 28 horas de serviços à comunidade ou pagamento de multa de um salário mínimo (R$ 937).
Um curso com duração de oito horas foi a pena aplicada aos acusados, parte do programa Todos Juntos Contra o Abuso Sexual, iniciado em janeiro e que envolve, além do TJ, empresas públi- cas e privadas de transporte e outras entidades.
Por serem acusados dos chamados crimes de menor potencial ofensivo, eles ganharam o direito de extinção do processo judicial desde que participem desse trabalho de conscientização.
A campanha teve início em meio ao crescimento das denúncias de abuso sexual nos transportes, amplificadas por relatos nas redes sociais.
Solteiros, separados, casados, pais ou avôs compunham o variado perfil de acusados. Diante deles, o filósofo e sociólogo Sérgio Flávio Barbosa deu início à palestra com a missão de fazêlos, logo de cara, entender que cometeram um crime, mas que é possível pagar por isso com o aprendizado.
“Eles precisam ter consciência do que estão fazendo dentro de um ônibus e parar de repetir padrões, quebrar com esse naturalismo de que homem segue seu instinto de caçador e que a mulher é a presa”, diz Barbosa, que faz um trabalho voluntário.