TTurriissmo na Rocciinha cai após confronto entre traficantes
Desistências para os passeios têm sido frequentes. Favela segue ritmo normal, mas é imprevisível
Rio O conflito entre criminosos levou ao cerco da favela da Rocinha, no Rio, pelas Forças Armadas por uma semana em setembro. Depois disso, o turismo no local ficou esvaziado. Desistências têm sido frequentes desde que a Rocinha tornou-se palco de uma violenta disputa de facções por seu controle.
“Não posso me negar a ir, sou funcionária. Mas, se eu ouvir um ‘plá’, eu pulo dessa p... andando.” Os ocupantes do carro riem da franqueza da condutora. Seu colega de trabalho, o guia que leva os visitantes pelos caminhos da favela, contemporiza.
“Posso dizer que a Rocinha, de certa forma, está sob controle. Foi uma das primeiras favelas abertas ao turismo, e ele é muito importante para a vida de muitos ali, para o comércio local.”
A conversa no último dia 5 aconteceu enquanto o jipe esperava por mais dois turistas em um hotel de Copacabana. Cada um pagaria R$ 145 (em dinheiro, ao fim da jornada) por um passeio de três horas pela Rocinha.
Enquanto sobe para a favela pelas ruas da Gávea, bairro rico da zona sul do Rio, a motorista antecipa o que os visitantes vão ver. “Num dia normal, é um passeio maneiro. Você vai lá em cima, vai na laje, desce por um beco feio pra cacete, tem os meni- nos que fazem capoeira, tu passa por um lugar que tem os malucos lá, anda pelo comércio”, explica. A reportagem busca confirmar o óbvio: “os malucos lá” são os traficantes armados? “É, mas, até invadir, ninguém mexia com ninguém. Você só não pode tirar foto deles, entendeu?”
No alto do morro, o carro para num ponto de venda de artesanato. Simpáticos, os vendedores tentam encorajar os visitantes. Um grava os forasteiros com o celular para, diz ele, “mostrar para o pessoal que está tranquilo”.