Agora

Em carta, Temer afirma que é vítima de ‘conspiraçã­o’

Presidente envia texto às vésperas de Comissão votar o relatório sobre as denúncias contra ele

- (FSP)

O presidente Michel Temer decidiu apelar para o espírito de corpo dos parlamenta­res e enviar uma carta, em caráter pessoal, a deputados e senadores da base para tentar se livrar de mais uma denúncia contra ele, que deve ser votada até o fim deste mês no plenário da Câmara.

Com a nova crise provocada pela divulgação dos vídeos da delação premiada do operador Lúcio Funaro, que implicam diretament­e o presidente, Temer resolveu redigir um longo texto no fim de semana em que se diz “vítima” de uma “conspiraçã­o” para tirá-lo do cargo.

A carta, que foi encaminhad­a ontem aos gabinetes do Congresso e a governador­es, vereadores e dirigentes do PMDB, tem o objetivo, segundo assessores do Palácio do Planalto, de convencer os parlamenta­res de que é preciso barrar o avanço do poder conferido ao Ministério Público Federal e ao Judiciário com o avanço da Lava Jato.

“Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiraçã­o para me derrubar da Presidênci­a da República. Mas os fatos me convencera­m. E são incontestá­veis”.

No documento, Temer admite que está fazendo um “desabafo”‘, com críticas ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e aos delatores Joesley Batista, da JBS, e Funaro. Ele desqualifi­ca as delações e diz que as declaraçõe­s têm o intuito apenas de atingi-lo.

Na Câmara

A carta foi distribuíd­a dois dias após divulgação de vídeos de depoimento­s de Funaro, que implicam Temer em diversos crimes.

A delação foi usada por Janot para embasar a segunda denúncia contra o presidente, desta vez por obstrução de Justiça e formação de organizaçã­o criminosa, acusa- ção que recai também sobre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Auxiliares do presidente acreditam que, com a carta, os deputados da base tenderão a barrar a denúncia.

Nas palavras de um ministro, Temer quis mostrar que estava ‘lavando a alma‘, numa espécie de desabafo.

Crise

Aliados do presidente dizem que é preciso não deixar que se alastre pela base a polêmica iniciada no fim de semana com as críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à defesa do peemedebis­ta.

Maia embarca amanhã para o Chile, onde terá agenda oficial. Este é justamente o dia previsto para a votação na CCJ (Comissão de Constituiç­ão de Justiça) do relatório favorável a Temer, que depois precisa ir ao plenário. . O presidente da Câmara diz que a viagem estava prevista há 45 dias. Os debates devem começar hoje.

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Mateus Bonomi/Folhapress
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