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Comissão da Câmara aprova relatório a favor de Temer

Por 39 votos a 26, presidente tem vitória; plenário deve votar denúncia na semana que vem

- (FSP)

A Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem o relatório favorável à rejeição da segunda denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o presidente Michel Temer.

Foram 39 votos favoráveis ao presidente e 26 contra, com uma abstenção dois a menos do que o Planalto obteve na análise da primeira acusação criminal pela comissão. E três a menos do que esperava ter agora.

A palavra final será dada pelo plenário da Câmara, em votação na semana que vem.

Nesta segunda denúncia, Temer é acusado pelo Ministério Público de obstrução da Justiça e de integrar, ao lado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), organiza- ção criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões em propina.

O relatório aprovado foi elaborado pelo governista Bonifácio de Andrada (PSDBMG), cuja escolha aumentou a crise interna de seu partido, dividido em relação ao apoio a Temer.

Na primeira denúncia contra o presidente da República, por corrupção passiva, a CCJ aprovou em julho parecer contrário ao prosseguim­ento do caso, por 41 votos a 24.

Nos dois casos, os partidos governista­s patrocinar­am trocas na comissão com o objetivo de assegurar um placar confortáve­l ao Palácio do Planalto.

Manobra

Michel Temer chegou a exonerar dois ministros, Raul Jungmann (Defesa) e Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), para que reassumiss­em seus mandatos e evitassem que a ala contrária ao governo assumisse o comando do PSB na Câmara, o que tiraria votos a favor do presidente.

Mas os oposicioni­stas do partido foram mais rápidos. O deputado Julio Delgado (MG), crítico do governo, assumiu a liderança do partido e defenestro­u Danilo Forte (CE) e Fabio Garcia (MT), que votariam a favor do presidente da República.

Temer e ministros têm se empenhado em promover loteamento político de cargos federais, a liberação de verbas para deputados.

Entrou na negociação também o caso de Aécio Neves (PSDB-MG), que teve o mandato restabelec­ido pelo Senado com forte apoio do governo. O Planalto espera, agora, a contrapart­ida dos tucanos, principalm­ente na votação em plenário.

Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar a segunda denúncia, é preciso o voto de ao menos 342 dos 513 deputados. Na primeira, não houve aval da Câmara, que apoiou Temer por 263 votos a 227.

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