O bonde passou
A Federação Paulista de Futebol e os clubes que disputarão o próximo Paulistão perderam uma excelente oportunidade de mudar o estranho sistema de disputa da competição no conselho técnico da última terça.
A formação de grupos nos quais os clubes não disputam uma partida sequer contra seus concorrentes diretos na chave beira o absurdo.
Formam-se, por exemplo, falsos “grupos da morte”. Como podemos dizer que o Grupo B de 2018, com São Paulo, Ponte Preta, São Caetano e Santo André é o mais forte se eles não se enfrentam? Seria, então, o mais fraco?
Ou ainda permite bizarrices, como em 2015, quando o Penapolense chegou à última rodada com chances de avançar às quartas de final e, ao mesmo tempo, ser rebaixado. O time acabou degolado e o XV, com o modesto 11º lugar geral, chegou ao mata-mata.
Também não importa que os clubes enfrentem equipes diferentes: os dois últimos, independentemente da chave, descem para a Série A-2.
Se o problema é o número de datas, atualmente 21, uma das soluções poderia ser um esquema semelhante ao da Libertadores, no qual bastariam 12 ou 14. Ou formar dois grupos de oito, antes do mata-mata —um total de 20 datas, mantendo as quartas.
Na Série A-2, todos jogam contra todos em turno único. Os quatro mais bem colocados vão à semi e os dois últimos caem para a A-3. Simples, não?
“Particularmente, prefiro o regulamento da A-2 ao da A-1. Não acho justo [a A-1], principalmente em relação ao rebaixamento”, afirmou, com razão, o diretor de futebol do São Bernardo, Edgard Montemor.
Mas o bonde passou e, agora, eventuais mudanças só virão em 2019. Depois, nas últimas rodadas, não adianta chorar o leite derramado.