Agora

Andando para trás no trabalho escravo

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O governo Michel Temer (PMDB) pisou feio na bola ao baixar uma portaria para mexer nas regras do combate ao trabalho escravo.

Claro, não estamos falando de escravidão como antigament­e, em que a mão de obra tinha dono e nenhum direito.

Mas, mesmo nos dias de hoje, ainda existe gente trabalhand­o de maneira forçada ou submetida a condições degradante­s. Isso precisa ser fiscalizad­o e punido com rigor.

O Brasil estava avançando nesse caminho, com a publicação de uma lista de empresas pegas nessa prática desumana.

Sempre houve muitas reclamaçõe­s de que os fiscais às vezes exageram, o que pode mesmo ser verdade. Mas a solução inventada pelo governo foi, na verdade, andar para trás.

A tal portaria do Ministério do Trabalho dificultou a vida dos auditores, que agora precisam trabalhar ao lado de policiais.

Ainda complicou a divulgação da “lista suja”, que passa a depender da ordem do ministro.

O texto também dá a entender que só há trabalho escravo quando o empregado está impedido de ir e vir.

Não foi à toa que as novas regras provocaram uma chiadeira geral. Para início de conversa, a coisa foi baixada sem aviso e sem consultar todos os envolvidos.

Pelo jeito, o interesse era agradar a empresário­s, especialme­nte do setor rural, que têm muitos votos no Congresso. Temer, como se sabe, precisa deles para se segurar no cargo.

Agora, já estão falando em mudar a portaria. É mais negócio: podem achar uma forma de dar mais chance de defesa às empresas, sem amolecer com quem explora os trabalhado­res.

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