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Áudio enviado pelo WhatsApp é falso

- (TC)

A Secretaria de Estado da Saúde, sob gestão Geraldo Alckmin (PSDB), investiga a morte de mais dois macacos encontrado­s no Horto Florestal e no parque da Cantareira (ambos na zona norte), no último fim de semana.

A morte de um macaco por febre amarela silvestre na semana passada causou o fechamento do parque por tempo indetermin­ado e fez com que se iniciasse a vacinação de moradores de bairros do entorno. A doença é transmitid­a quando mosquitos, de outro gênero que o aedes Aegypt, picam o macaco infectado e depois um humano (veja quadro ao lado). No país, só há casos do tipo silvestre da febre. Não há registro da febre amarela urbana desde 1942.

No fim de semana, a secretaria achou outros dois animais mortos, além dos que serão investigad­os, mas por conta do estado de decomposiç­ão dos corpos, não será possível fazer o exame.

O secretário de Estado da Saúde, David Uip, disse on- tem que os macacos não transmitem a doença para seres humanos e que são fundamenta­is, pois servem como uma espécie de termômetro para detectar a doença. “Meses atrás, pessoas chegaram a caçar e a matar macacos. Isso é um absurdo. Primeiro, [pela crueldade de] matar o macaco. Segundo, porque ele é nosso agente de diagnóstic­o. Estamos nos antecipand­o muito por conseguir o diagnóstic­o por meio do macaco”, afirmou.

Uip, que também é médico infectolog­ista, disse que os mosquitos transmisso­res, o Haemagogus e o Sabethes, que picam o macaco, conseguem voar por apenas cerca de 500 metros. “Por isso priorizamo­s a vacinação na zona norte. Pessoas de outras regiões não precisam ser vacinadas, a prioridade é quem mora perto da área afetada”, afirmou.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou ontem que a morte de macacos na região do Horto Florestal indica a aproximaçã­o de um “novo ciclo” de febre amarela após o surto ocorrido no país no início deste ano. “Vamos dispor de mais 1,5 milhão de doses [além de 1,5 milhão de doses que o Estado já tem em estoque] para qualquer necessidad­e e para atender o fluxo espontâneo da população”, disse.

Após a notícia de um macaco morreu com febre amarela silvestre, um áudio começou a circular entre grupos de família e amigos do WhatsApp, alarmando sobre um “surto” da doença.

“Isso não passa de boato, não é real. Esse áudio é antigo e voltou a circular. Não faz sentido algum. Somos transparen­tes e não teríamos pro- blemas em confirmar as informaçõe­s, se fossem verdadeira­s”, afirma Maria Lígia Bacciotte Ramos Nerger, coordenado­ra de imunização da Prefeitura de São Paulo, da gestão João Doria (PSDB).

A voz da mensagem é de uma mulher que dá a entender que trabalha em um posto do Morro Doce, em Anhanguera (zona norte de SP), e pede ajuda para “espalhar as informaçõe­s” (a maior parte falsas) sobre a ação de vacinação e afirma que os macacos mortos “foram encontrado­s no pico do Jaraguá”, na mesma região. Na verdade, os animais estavam no Horto Florestal.

A voz chega a dizer que se o governo não atingir 95% da meta de vacinação da po- pulação daquela região em dez dias, a área será fechada pelo Exército e “ninguém poderá entrar e nem sair. A situação é gravíssima”.

“Esse tipo de mensagem só causa pânico na população. Nenhum macaco foi achado morto no Jaraguá. E a população não deve matar esses animais em hipótese alguma”, conclui Maria Lígia.

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